Por Lisandra Paraguassu e Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - A operação que resultou no anúncio da privatização da Eletrobrás, na noite de terça-feira, foi mantida apenas no mais alto escalão do governo e pegou de surpresa não apenas os funcionários e mesmo diretores da estatal, mas técnicos do governo que trabalham justamente para preparar concessões e privatizações, disseram à Reuters fontes governistas.
O acerto final para a venda do controle acionário da Eletrobras (SA:ELET3) foi feito no início da semana passada, em uma reunião entre o presidente Michel Temer, e o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.
A decisão, no entanto, vinha sendo amadurecida já há vários meses. De acordo com uma das fontes, o governo já tinha em mente a possibilidade de privatização ao indicar para o Conselho de empresa nomes especializados na análise de ativos para a venda.
Apesar disso, a possibilidade de privatização não circulou no mercado em nenhum momento, e nem mesmo dentro da empresa. Funcionários, diretores e mesmo técnicos da área foram pegos de surpresa pelo anúncio na noite de terça-feira. A decisão foi mantida apenas entre os ministros da Área Econômica e os do Planalto, mais próximos de Temer.
De acordo com uma fonte palaciana, a opção pelo sigilo absoluto foi tomada pelo impacto que o anúncio certamente teria no mercado. Além disso, o governo queria evitar reações políticas negativas antes mesmo do estudo sobre a privatização ficar pronta.
No Ministério de Minas e Energia, o assunto foi discutido num pequeno grupo de quatro pessoas, disse uma fonte da pasta.
(Reportagem adicional de Luciano Costa, em São Paulo)