Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O governo federal pretende estabelecer nas regras da privatização da Eletrobras (SA:ELET3) que a companhia deverá manter suas subsidiárias regionais de geração e transmissão de energia após ser privatizada, uma exigência que na visão dos envolvidos no processo pode ajudar na aprovação dos planos junto ao Congresso Nacional e a políticos em geral.
O ministro interino de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse a jornalistas nesta sexta-feira que a ideia está em avaliação e pode ser uma das obrigações que o governo poderá impor à gestão da Eletrobras após a privatização, o que poderia ser estabelecido por meio da golden share que a União quer manter na companhia para decidir sobre assuntos estratégicos.
"A gente tem que ser sensível. Os processos de governo não são processos puramente técnicos, você tem que ouvir a sociedade, construir consensos, buscar o caminho do possível", disse Pedrosa, após participar de debate na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Ele citou como exemplo a Chesf, subsidiária da Eletrobras no Nordeste, que opera usinas no São Francisco e é vista como importante para a economia da região.
"O ministro entende e é sensível a isso", disse Pedrosa.
"A ideia é preservar a empresa como uma empresa parte da Eletrobras, mas tendo sua identidade, é um elemento que é importante, manter a sede, uma estrutura regional. Acho que nem faria sentido do ponto de vista privado... Mas politicamente talvez seja importante para viabilizar o processo", afirmou.
Ele disse que outra exigência deve ser que a Eletrobras seja uma corporação e mantenha-se assim após a privatização, incluindo a criação de mecanismos para proteger a companhia de uma eventual oferta hostil de aquisição.
DISTRIBUIDORAS
A distribuição de seis distribuidoras de eletricidade da Eletrobras no Norte e Nordeste deverá acontecer antes da desestatização da companhia como um todo. Pedrosa disse que o data-room para o leilão das empresas deve ser aberto ainda este ano, mas não revelou a data.
Ele afirmou também que vencerá o leilão o investidor que se oferecer a assumir as empresas com o menor aumento de tarifa. Haverá, ainda, a cobrança de um "valor simbólico" na licitação.
A Reuters publicou anteriormente, com informação de uma fonte, que o leilão teria um preço simbólico de 1 real. Segundo Pedrosa, o valor será simbólico, mas mais elevado.
"Eu diria que da ordem de grandeza de um automóvel, mas ainda é simbólico", disse.