Lula diz que Trump “precisa se comportar como um chefe de Estado”

Publicado 23.09.2025, 04:10
© Reuters Lula diz que Trump “precisa se comportar como um chefe de Estado”

Em Nova York para a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu uma entrevista à emissora PBS, veiculada na 2ª feira (22.set.2025). O principal assunto foi a relação entre Brasil e Estados Unidos e o contexto das tarifas impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano).

Lula criticou um dos argumentos utilizados por Trump para justificar a tarifa aos produtos brasileiros: o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-chefe do Executivo do Brasil foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 27 anos e 3 meses por liderar a tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo Lula, Trump precisa ter o “comportamento de um chefe de Estado”.

“É inacreditável que o presidente Trump tenha esse tipo de comportamento com o Brasil por causa do julgamento de um ex-presidente que tentou dar um golpe de Estado contra o Estado Democrático de Direito, que conspirou e tramou minha morte”, disse Lula.

O presidente se refere ao planejamento operacional chamado de “Punhal Verde e Amarelo”, que propunha o assassinato de Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

“Acho que o presidente Trump precisa ter o comportamento de um chefe de Estado, de um estadista da maior economia do mundo, da maior potência militar do mundo, do país mais tecnológico do mundo”, afirmou Lula.

O presidente disse que o Brasil quer ter uma relação civilizada com os EUA e lembrou que não conversou com Trump.

“Um chefe de Estado tem que ter uma relação com outro chefe de Estado, independentemente de suas posições políticas. São 2 Estados importantes, as maiores democracias das Américas, as maiores economias das Américas. E, portanto, é muito importante termos uma relação que seja uma relação civilizada”, disse Lula.

O presidente afirmou que os norte-americanos, “durante muito tempo transmitiram à humanidade a mensagem de que eram o símbolo da democracia mundial, eram o guardião da democracia, eram o guardião da liberdade”.

Lula criticou os argumentos econômicos usados por Trump para impor as tarifas ao Brasil.

“Ele [Trump] se coloca como imperador, o dono do mundo”, afirmou. “E ele diz: ‘O presidente Trump, que, para proteger o povo norte-americano, vai taxar todo mundo’. Mas ele diz isso com alguma inverdade. No caso brasileiro, é importante que você saiba que os EUA tiveram um superavit comercial de US$ 410 bilhões [cerca de R$ 2,2 trilhões, na conversão atual] nos últimos 15 anos, US$ 410 bilhões. Eles não têm deficit comercial conosco”, declarou.

Lula disse que o Brasil está pronto para sentar e negociar com os Estados Unidos e que tem pessoas preparadas para isso, “mas não há ninguém do lado dos EUA”. Segundo o presidente, ele e Trump podem conversar sobre política quando o republicano quiser.

“Tudo pode ser resolvido em uma mesa de negociação. Uma mesa de negociação não custa nada. Não destrói uma ponte. Não destrói um barco. Não mata uma única pessoa. Leva tempo, mas é melhor. É mais saudável e é compreendido humanamente por toda a sociedade”, declarou.

“Espero que, depois desta entrevista, os EUA abram seu coração para negociar com todos os países do mundo”, afirmou.

“As pessoas perguntam: você gosta ou não do presidente Trump? Nunca conheci o presidente Trump, então não é uma questão de gostar ou não dele. Ele também não me conhece”, disse.

Sobre o julgamento que condenou Bolsonaro, Lula disse duvidar que outro país tenha tido um “caso judicial mais democrático que garantiu à pessoa acusada a presunção de inocência”, e que tenha sido “um processo extraordinário e respeitado no mundo inteiro”.

Desde que chegou aos EUA, Lula já participou de alguns compromissos, como a conferência sobre a Palestina, onde discursou, e se reuniu com o diretor-executivo do TikTok para tratar de regulação das redes sociais.

O presidente participa na 3ª feira (23.set) da abertura da Assembleia Geral da ONU, onde é o 1º chefe de Estado a discursar.

No mesmo dia, está previsto um encontro bilateral entre Lula e o secretário-geral da ONU, António Guterres. O presidente tem outros eventos agendados e retorna ao Brasil na 5ª feira (25.set).

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