Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Depois de um primeiro dia nervoso, o clima nesta terça-feira no Palácio do Planalto com a prisão do publicitário João Santana estava mais calmo, com a certeza de que será possível demonstrar que não há relação entre os recursos pagos a Santana no exterior e as campanhas petistas, disseram à Reuters duas fontes palacianas.
A avaliação no Planalto era de que Santana irá explicar os recursos no exterior e mostrar que não há relação com as campanhas petistas. A nota do advogado do PT, Flavio Caetano, na segunda-feira, também ajudou a esfriar o clima, segundo uma das fontes. “Se o partido pagou 70 milhões de reais declarados, por que ia pagar dois por fora”, disse a fonte.
De acordo com as fontes, a intenção da oposição de usar a denúncia contra Santana para aumentar a pressão no processo de cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não irá funcionar.
No dia anterior, o Planalto temia que a prisão de João Santana desse mais fôlego à ação impetrada no TSE que pede a cassação do mandato de Dilma e do vice-presidente, Michel Temer, por abuso de poder econômico e uso de dinheiro de propinas da Petrobras (SA:PETR4) para financiamento da campanha.
Agora, a avaliação é de que a inclusão de novos elementos no processo no TSE acabaria por atrasar o processo, poderia levá-lo de novo ao plenário e, por ser uma investigação ainda em fase inicial, não tem provas suficientes para que possam ser consideradas pelo tribunal.
“Pode ser um tiro no pé. Se o Tribunal decidir esperar por provas, o mandato termina e o processo não”, afirmou uma segunda fonte.
O Planalto incrementou a estratégia de tentar ocupar espaços na mídia dando sua versão. O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, foi escalado pela presidente para defender o governo. Na segunda-feira, o ministro deu uma entrevista à TV Globo, e usou por duas vezes a rede social Twitter para reafirmar a posição do Planalto e criticar a oposição.
“Em vez de se preocupar com o que interessa ao Brasil, nossos adversários insistem na pauta única: tirar a qualquer custo @dilmabr do poder”, escreveu o ministro. “É preciso ter calma porque a pressa da oposição só atrapalha e, enquanto eles não conseguem vencer o trauma, o país precisa seguir seu rumo”.
A prisão de Santana e de sua mulher, Mônica Moura, havia sido decretada na segunda-feira por suspeita de ter recebido pagamentos milionários ilegais no exterior provenientes do esquema de corrupção na Petrobras por serviços prestados para campanhas eleitorais do PT no Brasil. Os dois, no entanto, estavam na República Dominicana e foram presos na manhã desta terça-feira, ao voltar para o Brasil.