O ensaio da camerata da Polícia Militar de São Paulo e as vozes indistintas da plateia que procurava se acomodar no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, no Largo do São Francisco, abafavam as palavras de ordem dos estudantes. Mas, ao fundo, não sem algum esforço, era possível ouvir o protesto contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), na porta auditório.
As autoridades que enchiam o salão para acompanhar a posse do novo procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, não pareceram se incomodar. As conversas seguiram o rumo. Poucos interromperam o bate-papo - brevemente - para tentar identificar o que acontecia do lado de fora. Alguns acharam graça. Outros recomendaram que os alunos "fossem estudar".
Nos breves interstícios da sessão solene, como as pausas do hino nacional, os gritos emergiam. Em alguns momentos, o mestre de cerimônia e os convidados que prestaram homenagens precisaram forçar a voz ao microfone, para se fazer ouvir. Fora isso, o evento seguiu normalmente.
No corredor, os estudantes bradavam: "Tarcísio eu não me engano, você é miliciano". O governador também foi chamado de "filhote da ditadura".
As reivindicações eram inúmeras. Passe livre estudantil, reversão da privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp (BVMF:SBSP3)) e ampliação das câmeras corporais na Polícia Militar.
Um dos cartazes dizia: "Estudante não é caso de polícia". Nesta semana, estudantes foram detidos pela Polícia Militar na Assembleia Legislativa de São Paulo em protesto contra a criação de escolas cívico-militares, projeto de Tarcísio.
O governador, no entanto, não esbarrou com os manifestantes. Ele chegou ao evento por outra entrada, reservada às autoridades que integrariam a mesa da sessão solene.