Trump consegue tarifas; os norte-americanos recebem aumentos de preços
Por Doina Chiacu e Jarrett Renshaw
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira em publicação em uma rede social, na qual afirma que Bolsonaro é vítima de uma "caça às bruxas", termo que ele também usa para se referir ao tratamento que ele mesmo recebeu de oponentes políticos.
Bolsonaro, aliado de Trump no período em que ambos estiveram na Presidência de seus países, é réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de tramar um golpe de Estado após perder a eleição presidencial para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-presidente também está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por casos separados ao que ele é réu no Supremo.
"O único julgamento que deve acontecer é o julgamento pelos eleitores no Brasil -- chama-se eleição. DEIXEM BOLSONARO EM PAZ!", escreveu Trump.
Bolsonaro afirmou, em comentário enviado por sua assessoria de imprensa, que recebeu "com muita alegria" a publicação de Trump e reiterou estar sendo vítima de perseguição política.
"Este processo ao qual respondo é uma aberração jurídica (lawfare), clara perseguição política, já percebida por todos de bom senso", afirmou ele à Reuters por meio de sua assessoria de imprensa.
As declarações de Trump sobre Bolsonaro ocorrem um dia depois de o presidente dos EUA afirmar que o grupo de países emergentes Brics, que estava realizando uma reunião de cúpula no Rio de Janeiro, é contrário aos EUA e ameaçar impor tarifas comerciais adicionais de 10% sobre aqueles que adotarem as políticas do Brics.
Em entrevista coletiva sobre a cúpula, Lula disse que não comentaria a publicação de Trump sobre Bolsonaro e mostrou-se irritado com a declaração do líder norte-americano.
"Não vou comentar essa coisa do Trump e do Bolsonaro. Para mim, tem coisa mais importante para comentar do que isso", afirmou o presidente.
"Esse país tem lei, esse país tem regra e esse país tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, deem palpite na sua vida, não na nossa."
Pouco antes, em nota, Lula afirmou que o Brasil é um país soberano que não aceita "interferência ou tutela" de quem quer que seja.
"A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito", afirmou Lula na nota.
No mês passado, Bolsonaro negou em depoimento ao STF que tenha liderado uma trama golpista, mas reconheceu que participou de reuniões que buscavam formas de reverter o resultado eleitoral após sua derrota para Lula.
Bolsonaro disse que ele e auxiliares graduados discutiram alternativas à aceitação do resultado da eleição, incluindo a possibilidade de mobilizar membros das Forças Armadas, mas afirmou que essas propostas foram logo descartadas.
As acusações contra o ex-presidente foram feitas após dois anos de investigação da Polícia Federal sobre o movimento que rejeitava o resultado eleitoral e que culminou na invasão das sedes dos Três Poderes por bolsonaristas em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula.
(Reportagem de Doina Chiacu e Jarrett Renshaw, em Washington; Reportagem adicional de Luciana Magalhães e Eduardo Simões, em São Paulo, e Lisandra Paraguassu, no Rio de Janeiro)