Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras, mas sobe em semana marcada por resultados corporativos
Representantes do agronegócio participaram nesta 4ª feira (20.set.2023) de uma audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) do Senado, com o tema “Reforma Tributária – Agronegócio e Cooperativismo”. Durante o encontro, houve um reforço para que o setor tenha tratamento especial na proposta que visa à mudança na tributação sobre o consumo.
O setor também mencionou “preocupação” com o ritmo da discussão do texto que foi aprovado na Câmara e tramita no Senado. O presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Fernando Cadore, disse haver “incertezas” sobre aumento da carga tributária e isso causa “medo” ao setor.
“Sei que a reforma já andou, está prestes a passar, mas não podemos deixar de alertar para um risco de concentração de área ainda maior em Mato Grosso”, declarou.
Cadore disse que o agronegócio “precisa” da reforma, mas que é necessário “discuti-la ainda mais”.
Vilmondes Sebastião Tomain, presidente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), reforçou o pedido do segmento para que a taxação seja 80% inferior à alíquota padrão do IVA (Imposto sobre Valor Adicionado), que ainda será definida. De acordo com ele, há uma tendência de elevação dos custos para o setor e a redução seria uma compensação.
“A introdução dos novos tributos pode acarretar um aumento considerável no custo de produção do setor, especialmente no que se refere à despesa de insumos essenciais, como fertilizantes e defensivos”, afirmou.
Maria Angélica Echer Ferreira Feijó, assessora técnica da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), também defendeu que a taxação seja 80% menor, e não 60%, como foi aprovado na Câmara: “Um tratamento diferenciado que deve ser mantido é justamente a redução de alíquota”.
A consultora também apresentou dados da Receita Federal que mostram que a indústria é o setor que mais tem benefícios fiscais. Eis a íntegra (PDF – 1 MB) do documento. Feijó enfatizou que 81,5% dos países que integram a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) têm alíquota diferenciada para o agro.
“O tanto que pagamos de tributos é o tanto que o agro contribui para a economia”, acrescentou.
O ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega disse que alguma exceção para o agronegócio “se justifica”, mas não para os demais segmentos.
O economista criticou a concessão de vários descontos e comparou com o sistema tributário atual. “Acho que foram exceções demais feitas aqui. Há exceções e regimes especiais”, declarou.
CESTA BÁSICA
Na visão da assessora técnica da CNA, é necessário que a reforma tributária assegure em 100% a desoneração de itens que compõem a cesta básica.
Linha semelhante seguiu o economista e presidente do Lide Energia, Roberto Giannetti da Fonseca. “Nos países da OCDE, os alimentos são isentos”, declarou.
Ele chamou a ideia de um cashback (devolução de parte do imposto) para a cesta de “bobagem” e criticou o período de transição da reforma tributária. “Nós vamos ter o IVA pleno só em 2032. Eu estou indignado com isso. […] Vamos esperar mais 10 anos pela reforma?”, questionou.
FAZENDA DEFENDE CASHBACK
Nelson Leitão Paes, assessor da Secretaria da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, disse que a restituição de parte dos tributos “tem um poder incrível”.
O técnico rechaçou a ideia de desonerar por completo a cesta básica. “Apenas uma pequena parte acaba chegando em pessoas de renda mais baixa”, disse.
SOBRE A AUDIÊNCIA
O requerimento da audiência pública é de autoria do senador Mauro Carvalho Júnior (União Brasil-MT).
Além dos citados, participaram da audiência pública:
- João Caetano Muzzi Filho, consultor jurídico da OCB (Organização das Cooperativas do Brasil);
- Gesner Oliveira, economista e consultor econômico, fundador da GO Associados;
- Tatiana Falcão, especialista em questões de tributação do clima na ONU (Organização das Nações Unidas);
- André Meloni Nassar, presidente-executivo da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).