A aparição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em um pronunciamento de mais de 7 minutos em rede nacional no rádio e na televisão foi interpretada por políticos de partidos aliados ao governo como um posicionamento para a campanha presidencial de 2026. Com anuência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na teoria, Lula deve ser candidato à reeleição daqui a 2 anos. Mas o petista completará 81 anos em 2026. Aliados têm dito que o presidente sinaliza que poderá não concorrer. O próprio já afirmou que avaliará como está sua saúde e que só entraria na disputa para evitar que os “trogloditas que governaram esse país voltem a governar”.
Haddad é sempre o nome citado como possível candidato a presidente caso Lula não queira disputar.
Outros aliados próximos também são mencionados na bolsa de apostas, como o ministro da Educação, Camilo Santana. Mas o fato de o ministro da Fazenda ter substituído Lula em 2018 em cima da hora, quando o petista foi impedido de concorrer, credencia Haddad a ser novamente escolhido.
Na TV, o ministro da Fazenda passou mais da metade do tempo falando de programas sociais do governo atual e menos sobre o pacote que teria de aplicar cortes nas despesas federais.
O formato da apresentação, com imagens de pessoas beneficiadas por programas como o Pé-de-Meia, lembrou as propagandas de campanhas eleitorais.
Como a ida de Haddad para a TV foi uma determinação de Lula, a interpretação de políticos em Brasília foi a de que o presidente está preparando o seu sucessor com esse tipo de estratégia. E o pronunciamento em rede nacional faz parte dessa decisão.
Coube a Haddad também anunciar o cumprimento de umas das principais promessas de campanha de Lula. O ministro disse que o governo isentará do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) quem ganha até R$ 5.000. A mudança, porém, só deve valer a partir de 2026.