Israelenses e palestinos trocam acusações sobre a autoria da bomba que atingiu a área do hospital de Al-Ahli na Faixa de Gaza. O episódio também indica diferentes versões sobre o local em que teria sido a explosão e o impacto imediato do episódio.
Logo depois da explosão, por volta das 19h no horário local (13h no horário de Brasília), a 1ª contradição foi a respeito do número de mortos: enquanto alguns veículos de notícias informavam que ao menos 500 pessoas estariam mortas, outros afirmavam que o número também incluía feridos.
Nesta 4ª feira (18.out.2023), o Ministério da Saúde da Palestina, sob comando do Hamas, disse que o bombardeio deixou 471 mortos. Outras 342 pessoas ficaram feridas, sendo 28 delas em estado crítico.
Outro ponto divergente em relação à explosão é de que lado teria partido o artefato que atingiu a região do hospital: o Hamas afirmou que veio do lado israelense, já Israel declarou que partiu da Jihad Islâmica, outra organização armada que atua em Gaza.
Em nota, o Hamas acusou as forças israelenses e afirmou que o bombardeio seria um crime de “genocídio” que revelava “o lado feio do inimigo e seu governo fascista e terrorista”. A organização em guerra com Israel disse ainda que a explosão à unidade de saúde expunha “o apoio norte-americano e ocidental à ocupação criminosa” da Faixa de Gaza.
No entanto, Israel negou a autoria do bombardeio e disse que o artefato teria partido de Gaza, lançado pelo grupo Jihad Islâmica em direção a Israel. Segundo as FDI (Forças de Defesa de Israel), os serviços de inteligência israelenses “interceptaram” o explosivo antes que ele chegasse ao seu lado da fronteira e, por consequência da barreira, resultou na queda próxima ao hospital.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu se referiu ao episódio como um “tiroteio fracassado” e disse que “aqueles que assassinaram brutalmente os nossos filhos também assassinaram os seus próprios filhos”.
À Reuters, um porta-voz da Jihad Islâmica negou a responsabilidade e chamou a acusação de Israel de “mentira” e “invenção”.
“Isso é uma mentira e uma fabricação, está completamente incorreto. A ocupação está tentando encobrir o horrendo crime e massacre que cometeram contra civis”, disse Daoud Shehab à agência de notícias.
Assista ao momento da explosão (1min21s):
Também há contradições a respeito do que teria causado a explosão. Alguns veículos de comunicação afirmam que o episódio foi resultado de uma bomba, enquanto o governo israelense menciona um foguete como responsável pelo caso.
O local exato em que o artefato atingiu segue sem esclarecimento. Uma análise de imagem da emissora Sky News mostra uma cratera no estacionamento do hospital Al-Ahli que possivelmente teria sido causada pela explosão.
Um médico que trabalha no hospital, por sua vez, declarou a Al Jazeera que o impacto da explosão foi ouvido da sala de cirurgia e em seguida o teto do local caiu. Imagens que circulam nas redes sociais mostram os destroços do episódio, mas o edifício não aparece com grandes impactos.