Shahed al-Banna, brasileira de 18 anos que está na Faixa de Gaza, disse nesta 3ª feira (31.out.2023) que a água está acabando em Rafah, cidade localizada no sul da região. Ela aguarda a liberação negociada pelo Itamaraty para o resgate pela fronteira com o Egito.
“Estamos ainda com falta de água. Daqui a alguns dias, acho que a gente não vai conseguir encontrar mais água. Tá difícil. Não temos luz”, disse em vídeo (veja abaixo). “Não temos internet também. Temos que ficar procurando um lugar com internet para conseguir manter contato com as pessoas daí [do Brasil]”, acrescentou.
Desde o início do conflito no Oriente Médio, em 7 de outubro, a região tem sido privada de comida, água, energia e combustível pelo cerco de Israel ao território, controlado pelo Hamas. Alguns caminhões de ajuda humanitária estão entrando pela fronteira com o Egito, carregados com alimentos e medicamentos. Organizações não governamentais, no entanto, dizem que a quantidade é insuficiente.
A diretora-executiva do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Catherine Russell, afirmou na 2ª feira (30.out) que o abastecimento de água na Faixa de Gaza está prestes a “se tornar uma catástrofe”. Segundo ela, “a pouca água potável que resta em Gaza está se esgotando rapidamente, deixando mais de 2 milhões de pessoas em extrema necessidade”.
A Unicef estima que 55% da infraestrutura de abastecimento de água precise de reparos, sendo que “só uma estação de dessalinização está funcionando, com apenas 5% da capacidade”. As outras 6 foram paralisadas por falta de combustível ou energia.
Shahed al-Banna afirmou que a situação está “difícil” e piora a cada dia. “As fronteiras estão fechadas, muita gente está morrendo todo dia. Cada dia está ficando pior que o dia anterior. Não tem comida entrando pelas fronteiras. E não há notícias de a gente sair daqui também. A embaixada está tentando fazer de tudo para nos ajudar, mas o difícil é encontrar as coisas aqui”, disse.
Assista (1min18s):
Palestino naturalizado brasileiro, Hasan Rabee fez vídeo relatando algumas dificuldades do dia a dia na Faixa de Gaza –entre elas, carregar a bateria de seu celular. Ele recorre a um local em que um palestino tem dispositivos que captam a energia do sol e a transformam em energia para recarregar dispositivos eletrônicos.
Rabee disse que precisa “andar bastante, carregando sacolas” para conseguir carregar seus aparelhos. Sem combustível, ele declarou que se desloca de carroça.
“A gente não está achando transporte. Por isso, [para] comprar algumas coisas, para guardar comida, alimentação, tem que andar no burro”, afirmou, acrescentando que “a maioria do povo” faz o mesmo. Segundo ele, carros movidos a diesel estão sendo abastecidos com óleo de cozinha.
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