O cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi fraudado, de acordo com a CGU (Controladoria Geral da União). O órgão divulgou o parecer em nota nesta 5ª feira (18.jan.2024), mas não indicou responsáveis pelo caso.
Em nota técnica, a recomendação da CGU é de arquivamento da investigação preliminar por “ausência de elementos mínimos acerca da autoria dos fatos”. O órgão afirmou que existe a possibilidade de reabertura do procedimento, uma vez que há operação da PF (Polícia Federal) em paralelo, “cujo compartilhamento já foi solicitado”.
Foram ouvidos pela investigação diversos funcionários da UBS (Unidade Básica de Saúde) Parque Peruche, em São Paulo, onde Bolsonaro teria sido vacinado. Os auditores ouviram a enfermeira indicada como aplicadora do imunizante –que negou ter realizado o procedimento e disse que não trabalhava na unidade na data indicada.
Outras pessoas que trabalhavam no local, e foram ouvidos por auditores, também negaram ter visto Bolsonaro na UBS. Os depoimentos, segundo a CGU, foram corroborados pela análise dos livros físicos mantidos pela unidade de saúde com os registros de vacinação, que indicavam que o ex-presidente não esteve presente no local para se imunizar.
Ainda, a CGU verificou, por meio de informações da FAB (Força Aérea Brasileira) que Bolsonaro não estava em São Paulo na data da suposta vacinação, em 19 de julho de 2021. Segundo o órgão, ele teria ido de SP a Brasília na véspera e não fez nenhum outro voo até pelo menos o dia 22 do mesmo mês.
A investigação apurava a possível participação de funcionário público federal nos fatos para “eventual responsabilização”, mas nada foi encontrado. Um dos empecilhos mencionados pela CGU para a apuração é o fato de que, na época da inserção falsa, os funcionários da UBS dividiam o mesmo login e senha para acesso ao Sistema VaciVida, o que dificulta a identificação de um culpado.
“Em suma, qualquer pessoa com login e senha poderia acessar, via web, o site do sistema e, assim, fazer os registros”, diz a nota técnica. Os resultados das investigações serão encaminhados às autoridades do Estado e do Município de São Paulo.
ENTENDA O CASO
O ex-chefe do Executivo virou alvo de um inquérito em 3 de maio de 2023, em investigação que apura a inserção de dados falsos nos cartões de vacinação contra a covid homologados nos sistemas do Ministério da Saúde.
A investigação apura se o ex-presidente adulterou seu cartão de vacinação e da filha Laura, de 12 anos, antes de embarcarem para os Estados Unidos, no final de dezembro de 2022. Os EUA exigiam o comprovante de imunização contra a covid para a entrada no país, mas Bolsonaro diz nunca ter se vacinado.
Em nota da PF, a corporação informou que as alterações nos cartões foram feitas de novembro de 2021 a dezembro de 2022 e tiveram como consequência a “alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a covid-19 dos beneficiários”.
À época, Bolsonaro negou a adulteração do documento e disse que nunca pediram a ele comprovante de imunização para “entrar em lugar nenhum”.
“Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte. Não existe. Eu não tomei a vacina e ponto final. Nunca neguei isso. Havia gente que me pressionava para tomar a vacina. Sim, natural. Decidi não tomar porque li a ‘bula’ da Pfizer (NYSE:PFE)”, disse Bolsonaro.
O Poder360 procurou a assessoria de Jair Bolsonaro depois da divulgação da conclusão da CGU sobre a falsificação no cartão de vacina, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para futuras manifestações.