A Riachuelo (BVMF:GUAR3) informou na 2ª feira (11.set.2023) que vai recolher o conjunto de camisas e calças com listras azuis e brancas associado ao uniforme dado aos judeus presos em campos de concentração nazistas durante a 2ª Guerra Mundial.
Em nota, a rede de lojas reconheceu que “a escolha do modelo das peças e da cartela de cores realmente foi uma infelicidade”. Disse que preza pelo “respeito por todas as pessoas” e que, “em nenhum momento, houve a intenção de fazer qualquer alusão a um período histórico que feriu os direitos humanos de tanta gente”.
“Gostaríamos de reforçar que todas as peças já estão sendo retiradas das nossas lojas e e-commerce”, escreveu a Riachuelo em comunicado enviado ao jornal Folha de S.Paulo.
“Entendemos a sensibilidade do assunto, agradecemos o alerta trazido pelos nossos consumidores e pedimos desculpas a todas as pessoas que se sentiram ofendidas pelo que o produto possa ter representado”, concluiu.
O Poder360 questionou a Riachuelo sobre o caso, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.
REPERCUSSÃO
A medida foi em resposta a críticas de entidades ligadas ao estudo do genocídio do povo judeu e de internautas.
Em um post no X (antigo Twitter), o perfil do Museu do Holocausto explicou o incômodo causado pela peça. De acordo com a instituição, um processo de construção imagética faz com que imagens carreguem “sentidos e emoções”. Desta forma, “um conjunto estético formado por calça e camisa com essas cores [azul e branca], larguras e gola remetem indiscutivelmente ao Holocausto”.
Tentativas de desassociar o padrão estético dos uniformes “desprezam o fato da imagem produzir sentido a partir de um imaginário coletivo. E que desperta sensações dolorosas”, afirmou o museu.
Uma das publicações mais comentadas no X sobre o caso foi feita pela produtora cultural Maria Eugênya. No texto, ela afirma que “o uso da estética violenta (Holocausto, escravidão) para gerar polêmica é uma das faces do marketing, não é novidade”.
“Mas insisto que conhecer a história e a construção de pensamento crítico e preservação da memória falta para muita gente ter no mínimo vergonha de achar isso aí ok”, completou.