Em seu primeiro pronunciamento oficial após a vitória, o governador eleito do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que buscará um alinhamento entre o governo estadual e federal, sob a liderança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com ele, o resultado das urnas é "soberano".
Com 99,98% das urnas apuradas, Tarcísio venceu o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) por 55,27% contra 44,73%. Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu a disputa presidencial para Lula, o governador eleito deve acomodar aliados bolsonaristas que ficarão desalojados no Estado. Dessa forma, Tarcísio torna-se a maior expressão do bolsonarismo após vencer em São Paulo. Apesar disso, o governador eleito promete um governo "técnico".
Tarcísio ressaltou a importância de São Paulo para o Brasil e, portanto, é preciso que o Estado esteja alinhado com o governo federal. Questionado se ele fará uma ligação para o presidente eleito, o agora governador evitou responder, mas disse que buscará alinhamento assim que houver uma convocação. Ele, contudo, enfatizou que falou com Haddad e que o candidato petista se mostrou disposto a ajudar em Brasília.
O novo governador anunciou que irá tirar uma semana de recesso para descansar, mas que dará início à transição estadual logo após. Segundo ele, os 100 primeiros dias de governo serão focados na questão social, em especial moradores de rua e dependentes químicos, educação e saúde. "Somos governador de todos; vamos tirar projetos do papel, investir no social", declarou.
Dentre as primeiras ações do governo, Tarcísio também elenca a retomada de algumas obras, geração de emprego e políticas de transferência de renda. "A gente vai planejar bem a questão dos 100 primeiros dias", garantiu. Segundo ele, sua equipe de transição deve permanecer igual a que foi sua equipe de campanha, citando a liderança de Guilherme Afif Domingos (PSD). O secretário de Governo, Marcos Penido, vai representar o governador Rodrigo Garcia (PSDB) na transição. O governador eleito deixou em aberta a oportunidade de ter seu vice, Felício Ramuth (PSD) também como secretário.
Tarcísio reafirmou que pretende acabar com a obrigatoriedade das vacinas aos servidores públicos, dizendo acreditar na conscientização das pessoas. Segundo ele, se houver conscientização, os servidores devem se vacinar. Ele também citou que irá avaliar a permanência das câmeras dos uniformes dos policiais militares e a privatização da Sabesp (BVMF:SBSP3).
Para os primeiros dias, ele disse que irá se mudar para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, mas reafirmou sua vontade de mudar a sede para Campos Elíseos.
Tarcísio chegou a um hotel na zona sul de São Paulo por volta das 18h30 para acompanhar o restante da apuração, mas esperou o resultado presidencial para fazer o pronunciamento oficial. Acompanhado do governador eleito estavam, dentre a equipe de apoio, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, presidente do Republicanos, Marcos Pereira, prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e Vinícius Poit (Novo). Tarcísio também assistiu à votação ao lado de familiares e amigos em uma suíte.
A partir de segunda-feira (31), inicia-se a transição do governo estadual. Durante a transição, a gestão Garcia estima deixar em caixa cerca de R$ 30 bilhões ao ex-ministro, o que equivaleria a seis folhas de pagamento. Um recorde, segundo os tucanos, que destacam a austeridade fiscal como um legado do partido em São Paulo. Habituado a números, Tarcísio ainda pode ter a sorte de administrar o Estado com um orçamento superior a R$ 317 bilhões no próximo ano, de acordo com projeção da Lei Orçamentária Anual (LOA) em debate na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Mais cedo, Garcia parabenizou Tarcísio pela vitória e desejou sucesso em seu governo. "Faremos a transição que o povo de São Paulo espera, com transparência e diálogo. Entregarei um Estado pronto, para um inédito salto de desenvolvimento, contas em dia e mais de R$ 30 bilhões para investimentos", declarou o tucano, em publicação no Twitter.
Com a vitória do candidato do Republicanos, quebra-se a hegemonia do PSDB no Estado, que dura quase 30 anos. Garcia ficou em terceiro lugar na corrida estadual. Tarcísio tem dito que não vai "destucanizar" o governo, mas promete colocar nomes estratégicos em pastas de grande relevância, como Transporte, Saúde e Educação.