Por Gabriel Codas
Investing.com - O índice futuro do Ibovespa inicia a sessão desta quarta-feira com valorização de 0,53% aos 98.355 pontos às 09h24, impulsionado pelos dados de vendas do varejo de maio no Brasil acima do esperado em meio a um exterior misto, com Futuros de Nova York com leve alta e índices europeus em baixa. Já o dólar recuava 0,13% a R$ 5,3722.
Os investidores seguem cautelosos, monitorando intensificação das tensões geopolíticas entre EUA e China. Reportagem da Bloomberg, citando fontes, apontou que alguns assessores do presidente americano Donald Trump teriam proposto uma medida para desestabilizar a moeda de Hong Kong em relação ao dólar americano como punição à China após a implementação da Lei de Segurança Nacional que diminuiu a autonomia do território ex-colônia britânica
No Brasil, os investidores estão atentos a testes positivos na equipe ministerial após o presidente Jair Bolsonaro confirmar estar com Covid-19 na véspera, especialmente da equipe econômica, pilar para a política econômica liberal de promoção das reformas e de implementação de medidas para o equilíbrio fiscal de médio e longo prazo.
- Cenário Interno
Vendas do Varejo
O volume de vendas do varejo cresceu 13,9% em maio, maior crescimento desde o início da série histórica, em janeiro de 2000. A alta foi insuficiente para o setor recuperar as perdas de março e abril, que refletiram os efeitos do isolamento social para controle da pandemia de Covid-19. No acumulado do ano, o varejo registrou queda de 3,9%. Já nos últimos 12 meses, o cenário é de estabilidade (0%). Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (8) pelo IBGE.
O gerente da PMC, Cristiano Santos, explica que os números positivos aparecem após o mês em que foi registrado o pior patamar de vendas da série histórica (-16,3%). “Foi um crescimento grande percentualmente, mas temos que ver que a base de comparação foi muito baixa. Se observamos apenas o indicador mensal, temos um cenário de crescimento, mas ao olhar para os outros indicadores, como a comparação com o mesmo mês do ano anterior, vemos que o cenário é de queda”, analisa.
A pesquisa aponta uma perda de ritmo dos impactos do isolamento social no comércio. De todas as empresas coletadas pela pesquisa, 18,1% relataram impacto do isolamento em suas receitas em maio. Em abril, esse número era 28,1%, o maior percentual desde o início da pandemia. Com isso, há a indicação de crescimento nas atividades dessas empresas.
"Os dados são bons numa primeira leitura", avalia André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, destacando a alta de 100,6% em tecidos, vestuário e calçados e ressaltando o avanço em todos os setores.
IGP-DI
Os preços no atacado aceleraram a alta e voltaram a subir no varejo, levando o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) a avançar 1,60% em junho, contra alta de 1,07% no mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
A expectativa em pesquisa da Reuters junto a economistas era de um avanço de 1,39%.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% do indicador, acelerou a alta a 2,22% no mês, de 1,77% em maio.
Os Bens Intermediários deixaram para trás o recuo de 0,09% em maio e registraram forte alta de 2,75% em junho, pressionados principalmente pelo avanço de 12,11% dos combustíveis e lubrificantes para a produção.
Coronavírus
O Brasil registrou nesta terça-feira 45.305 novos casos de coronavírus, o que eleva a contagem total no país a 1.668.589 infecções, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
Em relação aos óbitos em decorrência da Covid-19, foram notificadas 1.254 novas mortes nas últimas 24 horas. O total acumulado no país, dessa forma, chega a 66.741, ainda segundo o ministério.
Depois dos cerca de 20 mil casos registrados na segunda-feira, que representaram o menor nível desde 21 de junho, o Brasil retomou o patamar de cerca de 40 mil infecções diárias em que vinha figurando recentemente. Os números tendem a diminuir às segundas por causa do atraso no processamento dos testes aos finais de semana, mas ganham força nos demais dias úteis.
Guedes sem Covid-19
O Ministério da Economia informou nesta terça-feira que o ministro Paulo Guedes fez um teste na semana passada para a Covid-19 e o resultado foi negativo. "O ministro não apresenta sintomas da doença", diz nota divulgada pela assessoria de imprensa de Guedes. "Conforme recomendação médica, ele cumprirá agenda por meio de videoconferência e fará novo exame em quatro dias para assegurar a eficácia do resultado."
Guedes, 70 anos, esteve na segunda-feira com o presidente Jair Bolsonaro, que anunciou nesta terça-feira ter recebido um resultado positivo para Covid-19. Bolsonaro, com 65 anos, realizou o teste na segunda, depois de começar a ter sintomas leves.
A saúde de Guedes foi tema de comentários no mercado de câmbio nesta terça-feira, mas a avaliação de operadores é que as preocupações não chegaram a afetar preços.
No Banco Central, a assessoria de imprensa informou que "até aqui" nenhum dirigente da instituição registrou resultado positivo para Covid. "Em função de algumas atividades presenciais, os dirigentes do BC têm adotado como prática realizar testes periódicos de detecção da COVID-19", disse a assessoria, sem detalhar se o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, fez algum exame após a notícia de que Bolsonaro estaria contaminado.
- Cenário Externo
EUA e China
Assessores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avaliavam propostas para enfraquecer a paridade da moeda de Hong Kong ao dólar, informou a Bloomberg na terça-feira, citando pessoas familiarizadas com o assunto, embora a ideia não pareça ganhar força.
A proposta, possivelmente limitando a capacidade dos bancos de Hong Kong de comprar dólares, foi levantada como parte de discussões mais amplas entre assessores do secretário de Estado, Mike Pompeo, completou a Bloomberg.
Outros membros do governo recuaram diante da proposta, preocupados de que tal movimento afetaria apenas bancos de Hong Kong e os EUA, não a China, disseram fontes à agência de notícias.
FMI
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, pediu às autoridades nesta quarta-feira que usem sua resposta à pandemia de coronavírus para enfrentar a mudança climática.
“Olhando à frente, as políticas devem fornecer as bases para uma recuperação resiliente e de baixo carbono que crise milhões de empregos, ao mesmo tempo em que ajuda a lidar com a crise climática”, disse ela em uma conferência da Organização Internacional do Trabalho.
“Estamos especialmente preocupados que a crise prejudique os importantes ganhos de desenvolvimento dos últimos anos”, completou ela.
No mês passado, o FMI projetou uma recessão global mais profunda do que esperado inicialmente. O Fundo vê agora uma contração global do PIB de 4,9% este ano e perda total de produção de 12 trilhões de dólares até o fim de 2021.
BOLSAS INTERNACIONAIS
Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,78%, a 22.438 pontos. Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,59%, a 26.129 pontos. Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 1,74%, a 3.403 pontos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 1,62%, a 4.774 pontos.
A quarta-feira mostra-se negativa para os preços internacionais do petróleo. Assim, o DAX, de Frankfurt, tem queda de 0,54% aos 12.548 pontos, enquanto que o FTSE, de Londres, cede 0,19% aos 6.177 pontos. Já em Paris, o CAC recua 0,87% aos 5.000 pontos.
Em Nova York, o contrato Dow Futuros subia 18 pontos ou 0,07%, enquanto os contratos futuros do S&P 500 subiam 0,12% e os futuros do Nasdaq 100 ganhavam 0,29%.
COMMODITIES
Os futuros do aço na China subiram nesta quarta-feira devido a um otimismo quanto a perspectivas de demanda no país, maior consumidor global de aço, e com estoques domésticos baixos apoiando os preços, enquanto o minério de ferro também avançou.
O vergalhão de aço para construção mais negociado na bolsa de futuros de Xangai encerrou em alta de 1,8%, a 3.702 iuanes (527,61 dólares) por tonelada, na quinta sessão consecutiva de ganhos.
Os estoques de aço na China seguem baixos apesar de terem avançado nas últimas duas semanas. Os estoques de vergalhão de aço recuaram mais de 40% desde a máxima neste ano, segundo a consultoria SteelHome.
A força nos futuros do aço impulsionou o minério de ferro. A matéria-prima usada na fabricação de aço subiu 3,1% na bolsa de commodities de Dalian.
Da mesma forma, a sessão é também de valorização para os preços internacionais do petróleo. O barril do tipo Brent, de Londres, soma 0,26%, ou US$ 0,11, a US$ 43,19. Já o WTI avança 0,05%, ou US$ 0,02, a US$ 40,64.
MERCADO CORPORATIVO
- Petrobras (SA:PETR4)
A Petrobras prepara a contratação do que deve ser a maior plataforma de petróleo do Brasil, para o campo gigante de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto.
A empresa está considerando uma unidade flutuante do tipo FPSO capaz de processar 225.000 barris por dia. É mais do que a maior plataforma já contratada no Brasil até hoje, pela norueguesa Equinor, para o campo de Bacalhau, disse uma das pessoas.
A estatal planeja abrir competição em modelo de arrendamento, até o fim de agosto, disseram as pessoas.
O contrato envolveria somas vultosas, com a empresa avançando em investimentos no pré-sal apesar da pandemia, que impactou severamente as petroleiras globais.
- Azul (SA:AZUL4)
A Azul informou na noite de terça-feira que o tráfego de passageiros consolidado (RPKs) aumentou 43,6% em relação a maio de 2020, frente a um crescimento de 37,1% na capacidade (ASKs), resultando em uma taxa de ocupação de 75,5%, aumento de 3,5 pontos percentuais. A taxa de ocupação doméstica foi de 75,7% e a internacional totalizou 74,3%.
“Os RPKs domésticos aumentaram 47,0% em junho em relação a maio, seguindo a diminuição gradual das restrições de mobilidade e o retorno da demanda. Encerramos o mês com 168 voos diários em dias de pico, para 57 cidades, e manteremos esse ritmo nos próximos meses. Em julho, esperamos fazer 240 decolagens em dias de maior demanda, para 72 cidades, e em agosto teremos 303 decolagens em dias de pico, para 80 cidades”, disse John Rodgerson, CEO da Azul.
- Setor Aéreo
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira o texto-base da medida provisória sobre reembolso e a remarcação de passagens de voos cancelados durante a pandemia de Covid-19, informou a Agência Câmara de Notícias.
Os deputados devem continuar a votação do texto na quarta-feira, analisando destaques apresentados pelos partidos.
A MP também trata da ajuda ao setor aeronáutico e aeroportuário, atribui o pagamento da tarifa de conexão ao passageiro e acaba com o adicional de embarque internacional.
- Petrobras
A Petrobras anunciou aumento médio de 5% para a gasolina vendida em suas refinarias a partir de quarta-feira, enquanto manteve a cotação do diesel, em momento de firmeza nos preços internacionais do petróleo e de uma melhora no mercado de combustíveis no país, atrelada ao avanço na flexibilização da quarentena contra a Covid-19.
O movimento anunciado nesta terça-feira é a oitava alta seguida para a gasolina, em uma tendência vista desde 7 de maio. Na comparação com o patamar mais baixo do ano, verificado no final de abril (0,9160 real/litro), a elevação acumulada no preço da gasolina supera 80%, conforme acompanhamento dos dados da Petrobras feito pela Reuters.
Apesar da recente valorização, o preço da gasolina da Petrobras ainda está 13,7% abaixo do que era no início do ano, disse a empresa por meio da assessoria de imprensa.
- MRV (SA:MRVE3)
A MRV bateu recorde de vendas no segundo trimestre, apoiada por uma estratégia comercial agressiva, e se beneficiou da regularização de repasses para o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que minimizaram os efeitos econômicos da pandemia do coronavírus.
A construtora especializada em imóveis econômicos informou nesta terça-feira que suas vendas de abril a junho somaram 1,81 bilhão de reais, com 11.479 unidades negociadas, e um aumento de 37,4% em relação à mesma etapa de 2019.
Além disso, com o fim da obrigação de o governo participar no pagamento de parte dos subsídios do MCMV, que agora depende apenas do FGTS até o fim do ano, os repasses das vendas foram normalizados.
“Com isso foi possível repassar um volume recorde de unidades no trimestre que (...) permitiu à companhia reportar uma geração de caixa de 210 milhões de reais”, afirmou a MRV em prévia de resultados do segundo trimestre.
- Petróleo
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) iniciou nesta terça-feira três consultas públicas sobre as cláusulas de conteúdo local nos contratos de exploração e produção de petróleo e gás natural no Brasil, informou a entidade em comunicado.
As cláusulas de conteúdo local, que fazem parte dos contratos firmados entre a ANP e as empresas vencedoras de licitações — entre elas a Petrobras na chamada cessão onerosa — estipulam que um percentual mínimo de contratações de bens e serviços deve ocorrer no Brasil.
A primeira consulta pública, segundo a ANP, trata do ajuste de termos para fases já encerradas dos contratos, visando reverter multas aplicadas em função do descumprimento de compromissos de conteúdo local em investimentos.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) passou a permitir, em 2015, a adoção de exigências diferentes das verificadas em contratos anteriores sobre o conteúdo local, o que permitiu alterações em contratos vigentes, mas não liberou que as mudanças fossem aplicadas a acordos extintos ou encerrados, informou a ANP.
- 5G
O Brasil pode sofrer anos de atraso na implementação da rede 5G, elevando custos de serviços de telecomunicações aos clientes, se sucumbir à pressão dos Estados Unidos para barrar a Huawei Technologies, disse um executivo da fabricante chinesa.
O governo de Donald Trump vem intensificando os esforços para limitar o papel da Huawei no desenvolvimento da nova geração de rede de alta velocidade no Brasil, com o embaixador Todd Chapman citando disposição dos Estados Unidos em financiar a compra de equipamentos de outros fornecedores no Brasil.
Em junho, o presidente Jair Bolsonaro disse que a implementação do 5G terá que atender questões da soberania nacional, da segurança de informações e dados, além da política externa.
A China era alvo de críticas de Bolsonaro antes de ele assumir uma postura menos abrasiva em relação à segunda maior economia do mundo ao assumir a presidência em 2019, embora siga aliado próximo de Trump.
- Setor Elétrico
Os impactos do coronavírus sobre o mercado de energia no Brasil, como queda do consumo e maior inadimplência, devem reduzir a geração de caixa das empresas do setor elétrico até 2021 e podem levar algumas delas a romper limites de alavancagem acertados junto a credores, disse a Fitch Ratings nesta terça-feira.
A agência de classificação de risco projetou que a pandemia deve cortar em 5,6 bilhões de reais a geração de caixa das elétricas no período, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
Somente neste ano a queda no Ebitda das empresas do setor somaria 3,2 bilhões de reais, acrescentou a Fitch, em apresentação online sobre os efeitos da pandemia.
Essas perdas poderão levar algumas das companhias a romper níveis máximos de endividamento acertados junto a credores, os chamados “covenants”, que levam em conta relação entre Ebitda e dívida líquida, disse o diretor sênior da Fitch, Mauro Storino.
AGENDA DE AUTORIDADES
- Jair Bolsonaro
Em fase de recuperação de Covid-19, o presidente da República cumpre agenda por videoconferência, começando o dia com reunião com Fernando Azevedo, Ministro da Defesa. Na parte da tarde com Luiz Eduardo Ramos, Ministro-Chefe da Secretaria de Governo, em seguida com Antônio Paulo Vogel, Ministro da Educação substituto. O dia chega ao fim com conversa com Jorge Antonio de Oliveira, Ministro-Chefe da Secretaria-Geral.
- Paulo Guedes
- Videoconferência com o secretário especial da Receita Federal, José Tostes;
- Videoconferência com o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco;
- Videoconferência com o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto;
- Videoconferência com o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues;
- Videoconferência com o diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda, Bruno Funchal;
- Videoconferência com o deputado Federal, Arthur Maia (DEM-BA);
- Videoconferência com o senador Fernando Bezerra (MDB-PE).
(Com contribuição de Reuters)