Investing.com – As ações da Azul (BVMF:AZUL4) recuavam nesta segunda-feira, 15, após apresentação do balanço referente ao primeiro trimestre de 2023, com prejuízo líquido. Na visão da Ativa Investimentos, no entanto, a Azul apresentou balanço em linha com o esperado e a baixa no mercado é resultado de acordo com lessores. Às 13h55 (de Brasília), os papéis apresentavam queda de 3,58%, a R$12,40.
“Temos uma impressão neutra dos resultados da empresa e vemos as ações repercutindo o novo acordo com lessores, que embora tire pressão sobre seu FCL em 23 e 24, embute uma diluição aproximada de 17,5% aos minoritários, o que acreditamos estar fazendo preço hoje.”, afirmou a Ativa em relatório divulgado aos clientes e ao mercado.
Negociações anunciadas
Nesta segunda, a Azul atualizou o mercado sobre negociações com arrendadores e fabricantes, como parte do plano de reestruturação da companhia. A Azul estima que a reestruturação deve reduzir os pagamentos de arrendamento daqui para frente em aproximadamente R$5,4 bilhões. Após a conclusão da reestruturação, a dívida bruta deve cair em R$1,8 bilhão em comparação com a dívida bruta reportada no 1T23, projeta a empresa.
Entre as medidas, arrendadores e fabricantes concordaram em receber um título de dívida sem garantia com vencimento em 2030 com um cupom de 7,5% ao ano, e um instrumento conversível em ações preferencias no valor de R$36 por ação. A diluição prevista com esse instrumento é de 17,5%. “Ao longo do período de conversão, se entre o segundo semestre de 2024 e o segundo semestre de 2027 o preço de mercado das ações preferenciais da Azul estiver abaixo de R$36,00 no momento da medição, a Azul poderá compensar a diferença emitindo ações preferenciais adicionais, ou através de liquidação em dinheiro, ou através de um novo instrumento de dívidas”, detalhou a Azul. “Se o preço de mercado das ações preferenciais for superior a certos limites, o número de ações a serem convertidas será reduzido e, portanto, a diluição será menor”, completou a companhia.
Ainda segundo a Ativa Investimentos, os benefícios imediatos do acordo seriam “parcialmente compensados pelo potencial de diluição da atual base acionária, que pode se mostrar maior se as incertezas que ainda sobrevoam o mercado de aviação civil demorarem a se dissipar”.
Resultados e Guidance
A companhia apresentou alta na receita e no Ebitda, ainda que tenha piorado o resultado líquido, desconsiderando ajustes.
A Azul reportou um prejuízo líquido de R$322,2 milhões no primeiro trimestre de 2023, revertendo o lucro de R$2,658 bilhões em igual intervalo do ano passado. O prejuízo líquido ajustado, por sua vez, totalizou R$727,6 milhões, contra perdas de de R$808,4 milhões entre janeiro e março do ano passado.
O Ebitda alcançou R$1,03 bilhão no primeiro trimestre, contra R$592,7 milhão de igual período de 2022, uma alta de 73,8%. A receita líquida subiu 40,3% na mesma comparação.
A companhia aérea também anunciou seu guidance de capacidade, Ebitda e alavancagem para 2023. A projeção da empresa é de elevação da capacidade em cerca de 14% neste ano, totalizando um Ebitda de R$ 5,5 bilhões e alavancagem de 3,5x ao fim de 2023, que cairia para 3x ao final do ano que vem. “Dado o desempenho favorável acima e o resultado do nosso plano permanente e renegociações, esperamos continuar nosso processo de desalavancagem”, afirmou a Azul em fato relevante. As taxas de crescimento ficariam acima da média apontada nos mercados internacionais e menores nos mercados domésticos, segundo a companhia aérea.
A Ativa considera que, ainda que a companhia aérea venha apresentando alta na demanda e consiga repassar os preços, com forte elevação nas receitas, os custos altos pressionam a margem bruta. Segundo o analista Ilan Arbetman, a Azul vem avançando quanto à eficiência, com resultado líquido pouco abaixo ao esperado. Com receitas recordes e evolução na tarifa média, os combustíveis seguem como vilões. “Os custos operacionais seguem impedindo melhores resultados por parte da aérea”. A alavancagem financeira da companhia caiu de 5,7x para 5,2x no primeiro trimestre.
Prejuízo por ação e preço-justo da Azul
O prejuízo por ação preferencial da Azul foi de R$0,76 no primeiro trimestre deste ano. A plataforma InvestingPRO, que reúne diversas projeções de analistas, esperava um LPA negativo em R$0,67.
Fonte: InvestingPRO
Fonte: InvestingPRO
A Ativa Investimentos possui recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$32. A média das estimativas de analistas compiladas pela plataforma InvestingPRO é de um preço-justo de R$13,11, um potencial de alta de 5,4%, com grau de incerteza média.
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