Investing.com – O mercado reage bem ao balanço da Vale (BVMF:VALE3), mesmo com ruídos relacionados à recondução ou não do atual CEO da empresa e com provisionamentos de desastres ambientais.
Às 10h58 (de Brasília) desta sexta, 23, os papéis engatavam alta de 2,35%, a R$68,80. Os American Depositary Receipts (ADRs) subiam 2,15%, a US$ 13,80.
A Vale anunciou que obteve um lucro líquido de US$2,418 bilhões no quatro trimestre, uma retração de 35% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o Conselho de Administração aprovou a distribuição de dividendos no valor total bruto de R$2,73 por papel. Em 2023, o lucro totalizou US$ 7,983 bilhões, diminuição de 52,2%.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou US$6,334 bilhões entre outubro e dezembro, alta de 37% na comparação anual e de 51,6% frente aos três meses anteriores. No acumulado do ano, o Ebitda somou US$ 17,961 bilhões, diminuição de 9,1%.
A receita líquida de vendas somou US$ 13,054 bilhões, expansão de 9,3% ante o período do ano anterior ganho trimestral de 22,8%. Considerando todo o ano, as receitas atingiram US$ 41,784 bilhões, uma queda de 4,6%.
Balanço e provisões
Após a divulgação dos dados, o banco Goldman Sachs (NYSE:GS) avaliou o balanço como um “bom final de ano”, mas mencionou que os passivos fora dele foram o destaque, segundo os analistas Márcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques. O banco Goldman Sachs espera que, em 2024, a dinâmica de lucros seja favorável, assim como o mercado de minério de ferro, diante de ciclos de flexibilização monetária e exportações resilientes da China.
O Itaú BBA também considerou os dados como sólidos, com Ebitda acima das projeções e do consenso, mas também mencionou os provisionamentos para a Samarco, que vieram conforme as expectativas. “A empresa registrou US$ 1,2 bilhão em provisões adicionais para remunerações relacionadas à Samarco (inferior ao provisionado pela BHP na semana passada”.
De acordo com a Genial Investimentos, os dados vieram conforme esperado, com exceção do lucro líquido. No entanto, a Genial afirma que “o mercado já havia reagido negativamente ao risco de a provisão acontecer em grau bem mais elevado que o guidance”, tendo em vista que a BHP, que é sócia da Vale na Samarco, joint-venture de ambas, havia comunicado aumento das provisões relacionadas ao desastre ambiental em Mariana, em Minas Gerais. Com a alta nas provisões da BHP, o entendimento era de que a Vale seguiria no mesmo caminho.
A Genial considerou ainda que os preços do minério de ferro superaram as expectativas e a produção de minério ficou acima do guidance anual. Esse teria sido o dezembro já registrado pela história da empresa em relação a sua produção, o que os analistas Igor Guedes, Lucas Bonventi e Rafael Chamadoira consideram um efeito raro.
A Ativa Investimentos considerou as provisões abaixo do previsto. “Mesmo com um resultado financeiro pior na base anual e assim, um lucro líquido inferior ao que projetávamos, consideramos seu resultado positivo e esperamos por uma boa recepção por parte do mercado”, conforme o analista Ilan Arbetman.
Dividendos anunciados
O Conselho de Administração da Vale aprovou a distribuição de dividendos no valor total bruto de R$2,738617408 por ação, que são relativos ao balanço reportado. A remuneração terá como base a posição acionária em 11 de março e pagamento ocorre em 19 de março.
“Em nossos compromissos, 2023 foi um ano de progresso substancial nas reparações de Brumadinho e Mariana. Por fim, continuamos focados em uma alocação de capital disciplinada, retornando valor aos nossos acionistas de forma consistente, conforme evidenciado pelo nosso recente anúncio de dividendos”, destacou a Vale em seu release de resultados.
O Goldman Sachs considerou os valores anunciados em US$2,4 bilhões como abaixo das expectativas de US$3 bilhões de seus analistas, o que avalia como uma abordagem mais conservadora do Conselho devido a provisões adicionais relacionadas ao desastre ambiental da Samarco.
“O pagamento representa cerca de 4,1% de dividend yield (DY) na cotação atual. Com relação ao programa de recompras, Vale concluiu 15% deste ao longo do 4T23, tendo recomprado 22,6 milhões de ações”, completa a Ativa Investimentos.
As recompras são mencionadas nas Protips do InvestingPro como um fator positivo da companhia, além de suas margens de lucros e pagamentos de dividendos. As Protips são uma nova ferramenta do InvestingPRO, que fornece insights rápidos e descomplicados sobre as companhias, visando otimizar e dar mais embasamento para a tomada de decisões dos investidores.
Precificação
Para o GS, ainda que o valuation seja atrativo, os investidores “pareçam estar precificando muitos dos riscos recentes” e o banco acredita que esses temas ainda podem pesar no desempenho dos papéis até melhor visibilidade sobre os assuntos. Ainda assim, reforçou a recomendação de compra para o papel da mineradora, com preço-alvo de US$18,50.
A Genial avalia que o mercado não está racional quanto ao prêmio pela qualidade da Vale, precificando um fator China de forma exagerada. Com a visão de que a mineradora segue com bom desempenho operacional, mesmo diante de desafios e ruídos como a escolha do CEO e acordos relacionados a desastres, a recomendação é de compra, com preço-alvo de R$82,50 para as ações na B3 (BVMF:B3SA3) e US$16,75 para as ADRs na NYSE.
O Itaú BBA possui recomendação outperform para as ações, com preço-alvo de US$18 para as ADRs, enquanto a Ativa Investimentos é mais cautelosa com indicação neutra e preço-alvo de R$84 para ações na B3.
A plataforma InvestingPRO, que reúne projeções de diversos modelos, estima um preço-justo de R$87,26 para as ações da Vale.
Já para os ADRs, o preço-justo previsto no InvestingPRO é de US$17,47.
Para ter acesso aos modelos financeiros da Vale, referentes ao preço-justo indicado no InvestingPRO, histórico de demonstrações financeiras, retorno com dividendos, relação de preço por lucro e comparação com pares, acesse a plataforma!
Para um desconto especial, use o cupom INVESTIR para as assinaturas anuais e de 2 anos do Pro e Pro+.