No último pregão de setembro e do trimestre, o Ibovespa já zerou a queda mensal registrada até a quinta-feira, 28, acompanhando o bom humor internacional. O movimento acontece nesta sexta-feira, 29, em meio ao alívio na curva de juros dos Estados Unidos que, nos últimos dias, os rendimentos dispararam, em meio a expectativas de novo aumento do juro básico norte-americano.
Depois do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre dos EUA, informado na quinta-feira, sugerindo uma pausa na alta dos juros norte-americanos, nesta sexta saíram dados de inflação que corroboraram essa ideia.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE) americano, indicador predileto do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) para medir a inflação. O dado registrou alta de 0,4% em agosto na comparação com julho, na comparação com previsão de 0,5%. Na comparação anual, o crescimento foi de 3,5%, como esperado. A renda pessoal nos EUA subiu 0,4% em agosto ante julho, ficando dentro das previsões. Os gastos com consumo também avançaram 0,4% no mesmo período, ante expectativa de 0,5%.
"Depois da pressão abrupta nos Treasuries, os mercados têm alivio bastante influenciados pelo exterior. Aqui tem uma agenda um pouco mais robusta hoje, mas é insuficiente para mudar o percurso do impacto externo", avalia Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital.
Ariane lembra que o PIB dos EUA do segundo trimestre levou ao arrefecimento da curva de juros americana, que parou e levar em consideração o risco de continuidade e alta da taxas básicas pelo Fed. "Claro que não se pode descartar novo aumento até o fim do ano mas por ora, para o próxima reunião de política monetária, em novembro, mas o respiro dos Treasuries dá um fôlego", completa a economista e RI da Esh Capital. Na quinta, as bolsas em Nova York fecharam com valorização, em meio ao alívio nos rendimentos dos Treasuries. O Ibovespa quase zerou a queda do mês (-0,01%), ao fechar com elevação de 1,23%, aos 115.730,76 pontos. O movimento foi considerado uma recuperação técnica por analista. Contudo, ás 11h15, a alta mensal era de 0,76%, depois de cair 5,09% em agosto.
Conforme o economista Álvaro Bandeira, ainda é cedo para afirmar que o Índice Bovespa engatou uma tendência de alta. Para ir nessa direção de "alguma consistência", cita que o indicador precisa retomar a marca entre 116 e 118 mil pontos, e depois ir novamente para os 120 mil pontos.
"Depois de um trimestre Ruim, o Ibovespa caminha para um final mais suave, de alívio. Tenho a convicção de que acontecerá o ali de fim de ano", estima Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. Ele atribui o desempenho do Índice Bovespa recentemente principalmente a fatores externos. "Só que aqui também não ajuda", diz.
Além do exterior, as dúvidas internas são risco ao Ibovespa, como o temor de que o processo de desinflação estaria sendo interrompido e incertezas fiscais.
Em evento nesta manhã em São Paulo, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que os BCs estão preocupados com sinais de que a inflação parou de cair ou voltou a ganhar força.
A parte fiscal é outro fator de preocupação. Nesta sexta, o BC informou que o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras (BVMF:PETR4) e Eletrobras (BVMF:ELET3)) registrou déficit primário de R$ 22,830 bilhões em agosto, ficando menos intenso do que resultado deficitário de R$ 35,809 bilhões de julho e da mediana das expectativas.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desocupação no Brasil ficou em 7,8% no trimestre encerrado em agosto, em linha com a mediana das projeções.
"O mercado trabalho ainda está muito aquecido. Nesta semana vimos o IPCA-15 de setembro com um resultado abaixo do esperado e uma ata contracionista, mas tivemos um sinal muito bom após o encontro entre o presidente Lula e o presidente do BC", diz Spiess, da Empiricus.
Às 11h22, o Ibovespa subia 0,68%, aos 116.513,26 pontos, após avançar 1,01%, aos 116.899,02 pontos.