Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da Petrobras (SA:PETR4) chegaram a abrir em alta nos primeiros negócios da manhã desta quinta-feira na bolsa paulista, mas passou a cair com a deterioração do sentimento do mercado durante a teleconferência dos executivos da estatal com acionistas. Na noite de ontem, a companhia informou que teve lucro líquido recorde de R$ 40,14 bilhões em 2019, alta de 55,7% ante 2018, principalmente devido ao amplo programa de venda de ativos, apesar de a companhia ter realizado baixas contábeis bilionárias no período. O balanço, no geral, agradou os analistas do mercado.
Além disso, o conselho de administração da petrolífera aprovou dividendos aos acionistas no valor de 1,7 bilhão de reais para as ações ordinárias e 2,5 milhões de reais para as ações preferenciais, segundo comunicado da companhia nesta quinta-feira.
Dentro desse cenário, por volta das 10h45, os papéis preferenciais perdiam 1,11% a R$ 30,30, enquanto os ordinários caíam 0,83% a R$ 32,30. A queda das ações da Petrobras (SA:PETR4) seguem o pessimismo que predomina no mercado, com o Ibovespa caindo 0,51% a 115.920 pontos após abrir o pregão estável.
A aversão ao risco é uma combinação de fatores externos e internos. No exterior, a notícia de que a propagação do novo coronavírus entre humanos é mais rápida do que supunha anteriormente aumentou a cautela entre os investidores. No cenário doméstico, balanços ruins de GPA (SA:PCAR4) e Ultrapar (SA:UGPA3) impactam no sentimento do investidor.
Detalhes do balanço
Em relatório de resultado nesta quarta-feira, a companhia citou desinvestimentos de US$ 16,3 bilhões em 2019, com transações envolvendo a Transportadora Associada de Gás (TAG), BR Distribuidora (SA:BRDT3), entre outros ativos de exploração e produção.
O resultado poderia ter sido ainda mais forte não fossem as baixas contábeis de R$ 11,63 bilhões em 2019, uma alta de 51% em relação ao ano anterior, segundo a companhia. Do total, mais de R$ 9 bilhões em impairment ocorreram no quarto trimestre.
A companhia ainda citou maiores despesas financeiras com gerenciamento da dívida no mercado de capitais e menores preços do petróleo Brent.
Avaliação dos especialistas
O BTG Pactual (SA:BPAC11) destaca que administração reafirmou seu objetivo de reduzir a dívida bruta para US$ 60 bilhões antes de expandir o pagamento de dividendos. Com ainda cerca de US$ 2 bilhões a receber das vendas de ativos já anunciadas e US$ 3 bilhões em excesso de caixa no final do trimestre, os analistas enxergam a dívida bruta pró-forma da companhia em quase US$ 82 bilhões.
Assumindo que a Petrobras (SA:PETR4) manterá seu baixo investimento recorrente, considerando a atual geração de FCF e, de maneira conservadora, não assumindo vendas ou lances de novos ativos, eles acreditam que poderá atingir sua meta até 2022. Com a venda de refinarias e a participação na BR Distribuidora (SA:BRDT3) e outros ativos menores já em andamento, o banco reitera que a história de dividendos de um dígito de médio a alto será reproduzida em 2021.
Para os analistas da Mirae Asset, os números do balanço de 2020 devem vir melhores do que o de 2019. Os analistas da corretora apontam venda de ativos, redução da dívida e aumento da produção como catalisadores de um balanço mais forte neste ano.
Distribuição de dividendos
A Petrobras (SA:PETR4) vai distribuir dividendos no valor de R$ 1,7 bilhão para as ações ordinárias e 2,5 milhões de reais para as ações preferenciais, segundo comunicado da companhia nesta quinta-feira.
Os valores, calculados com base no resultado anual de 2019 e equivalentes a 0,23 real por ação ordinária e 0,000449 por ação preferencial, serão pagos em 20 de maio.
Com isso, o valor total distribuído pela Petrobras (SA:PETR4) aos acionistas referente aos resultados de 2019 será de 10,6 bilhões de reais, ou 0,73 real por ação ordinária e 0,92 por ação preferencial em circulação, acrescentou a empresa.
*Com Reuters