Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A Hidrovias do Brasil (SA:HBSA3), uma das maiores operadoras logísticas do país, está avaliando opções para expandir seus negócios em transporte por rios nas regiões Norte e Sul, à medida que se prepara para uma segunda onda de expansão, disse em entrevista um executivo da empresa.
Nos últimos nove anos, a Hidrovias investiu 1,2 bilhão de dólares no estabelecimento de infraestruturas logísticas na bacia do rio Amazonas e no sistema Paraná-Paraguai --neles, a empresa transporta grãos, minério de ferro, bauxita e celulose, além de outras commodities.
"Com o capex em cerca de metade do original, eu posso praticamente dobrar a capacidade de transportar cargas no Norte", disse à Reuters o diretor financeiro da companhia, Fabio Schettino, na segunda-feira.
Depois de assinar contratos "take-or-pay" de longo prazo com clientes como a mineradora Vale (SA:VALE3) e a comercializadora chinesa de grãos Cofco, Schettino afirmou que a Hidrovias "entregou seu plano original de negócios dentro do prazo e do orçamento", acrescentando que agora a empresa quer mais.
Impulsionar negócios no Corredor Norte, que liga Mato Grosso aos portos do Norte, é uma prioridade, já que o país permanece sendo um dos maiores produtores de grãos do mundo. Já no Paraná-Paraguai, no Sul, onde a competição é mais acirrada e os agentes já são bem estabelecidos, a Hidrovias se vê em posição para comprar rivais e aumentar sua fatia no mercado, disse o executivo.
"Nós mal tocamos (na superfície) das oportunidades. Estamos nos estruturando para o segundo momento, de criação de valor", afirmou Schettino.
A Hidrovias contratou consultores para avaliar opções estratégicas, identificar possíveis alvos de aquisição, alternativas de acesso ao mercado de capitais e oportunidades de expansão de portfólio.
Uma possível oferta para operar a "Ferrogrão", ferrovia que o governo brasileiro deve leiloar em breve, também está nos planos, desde que a Hidrovias consiga encontrar um parceiro para o empreendimento, disse Schettino.
A Ferrogrão, que pode levar 10 anos para ser construída, irá de Sinop (MT) a Miritituba (PA), à beira do rio Tapajós, de onde barcaças transportarão grãos para embarque na Amazônia e para os mercados mundiais.
Perguntado se a Hidrovias considera uma listagem no mercado de ações e onde poderia levar o plano adiante, Schettino disse que nenhuma decisão foi tomada, mas que a empresa poderia realizar uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em qualquer mercado.
Ele também observou que a firma, que pertence a fundos de private equity, substituiu empréstimos de project finance por um título de 600 milhões de dólares, em um movimento que lhe deu uma estrutura de capital "adequada".
"Devemos nos manter do tamanho em que estamos?", perguntou Schettino. "Obviamente, essa não é nossa decisão estratégica."