Interrompendo sequência de três perdas - uma pausa relativamente curta, intercalada a 11 ganhos nas 12 sessões anteriores à leve realização de lucros -, o Ibovespa ficou perto de neutralizar o efeito do ajuste ao subir hoje 1,15%, a 110.054,38 pontos, em dia de recuperação de apetite por risco em Nova York. Por lá, os ganhos chegaram a 1,71% (Nasdaq) no fechamento desta quinta-feira, apesar da pendência de solução para o aumento do teto da dívida nos Estados Unidos, com a aproximação da data-limite para evitar default, daqui a uma semana, no início de junho.
Hoje, prevaleceu em Wall Street o otimismo em torno das estratégias de inteligência artificial, o que foi decisivo para o desempenho robusto da Nvidia e das ações de big techs, impulsionando a alta dos índices S&P 500 (+0,88%) e Nasdaq na sessão.
Na B3 (BVMF:B3SA3), o giro financeiro subiu para R$ 27,5 bilhões nesta quinta-feira, em que o Ibovespa oscilou entre mínima de 108.799,60, da abertura, e máxima de 111.114,53. Na semana, o índice da B3 ainda cede 0,62%, mas avança 5,38% no mês e volta ao positivo no ano (+0,29%), após ter oscilado ontem a terreno de contração.
"De meados de 2021 a 2023, no intervalo aproximado de dois anos, o Ibovespa acumulou uma retração de cerca de 25%, muito descontado, antecipando então uma deterioração das condições macro. Saiu de 130 mil para menos de 100 mil, nos piores momentos. O mercado antecipa, e agora o movimento é de descompressão na curva de juros, com percepção mais favorável sobre a condução do fiscal, e projeções melhores para inflação e para o custo de crédito, no segundo semestre", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.
"Os investidores internacionais se mostraram mais predispostos a compras do que antecipávamos, com o argumento de que os 'valuations' no Brasil estão mais atrativos em comparação a outros mercados emergentes, e que o Brasil tende a ter bom desempenho quando houver mais clareza sobre cortes nas taxas de juros", aponta o Itaú BBA em relatório sobre ações brasileiras, divulgado nesta quinta-feira.
No texto, a equipe de análise menciona processo em curso no mercado, de rotação de ações, que tende a prosseguir, com interesse maior por nomes domésticos de "Beta alto", mais voláteis - costumam amplificar a respectiva variação ante referência como o Ibovespa -, e percepção mais cautelosa para commodities, em geral.
As conclusões do relatório do Itaú BBA foram tiradas de conferência realizada entre os dias 9 e 11 deste mês, com a participação de 501 investidores institucionais, de 218 instituições, dos quais 30% eram brasileiros e 70%, internacionais.
Em linha com essa percepção menos favorável a commodities, o minério de ferro mostrou forte correção pelo terceiro dia seguido em Dalian, na China, refletindo as incertezas sobre a demanda no país asiático, mas Vale ON (BVMF:VALE3), já muito descontada (em queda de 6,30% na semana, de 10,43% no mês e de 25,43% no ano), conseguiu mostrar movimento discreto na sessão, em baixa de 0,31% no fechamento, a R$ 64,85.
Com o Brent e o WTI em queda de cerca de 3% na sessão, Petrobras ON (BVMF:PETR3) e PN cederam, respectivamente, 0,74% e 0,75% nesta quinta-feira. Além de Vale, o dia também foi negativo para outros nomes do setor metálico, como CSN (BVMF:CSNA3) (ON -2,30%).
Entre as ações de maior peso e liquidez no Ibovespa, destaque positivo para o setor financeiro, em especial Bradesco (BVMF:BBDC4) (PN +3,60%) e Itaú (BVMF:ITUB4) (PN +3,14%) - exceção entre as grandes instituições para Santander (BVMF:SANB11) (Unit -1,02%). Na ponta do índice da B3, destaque para Hapvida (BVMF:HAPV3) (+10,99%), MRV (BVMF:MRVE3) (+10,33%), Via (+7,76%), Locaweb (BVMF:LWSA3) (+7,47%) e Azul (BVMF:AZUL4) (+6,19%). No lado oposto, CVC (BVMF:CVCB3) (-4,63%), Braskem (BVMF:BRKM5) (-2,87%) e 3R Petroleum (BVMF:RRRP3) (-2,53%), além de CSN.