Após tarifas de Trump, ativos brasileiros registram desempenho melhor que seus pares

Publicado 03.04.2025, 13:41
Atualizado 03.04.2025, 13:45
© Reuters. Notas de dólar e de realn18/12/2024 REUTERS/Amanda Perobelli

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar despencava ante o real e o Ibovespa rondava a estabilidade nesta quinta-feira, enquanto os mercados globais sofriam uma onda de aversão ao risco, à medida que os investidores reagiam ao anúncio de novas tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou os temores de recessão global.

Trump anunciou na quarta-feira que vai impor uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações para os EUA e taxas mais altas sobre alguns dos maiores parceiros comerciais do país, em uma medida que intensifica uma guerra comercial que ele iniciou em seu retorno à Casa Branca.

A taxação adicional, no geral, foi maior do que vinha sendo esperada, mas o Brasil, assim como outros países da América Latina, foi um dos menos prejudicados pelo novo anúncio, o que contribuía para a valorização do real nesta sessão.

As importações chinesas serão tarifadas em 34%, além dos 20% impostos anteriormente, elevando o novo imposto total para 54%. Já a União Europeia enfrentará uma tarifa de 20% e o Japão será alvo de uma taxa de 24%. O Brasil, por sua vez, recebeu a tarifa mínima de 10%, enquanto o México, que já tinha sido alvo de uma tarifa anterior, foi poupado de um novo aumento.

"O anúncio veio entre os piores cenários esperados pelos analistas... É um cenário de choque tarifário severo, uma intensificação bastante brusca das barreiras comerciais norte-americanas e até o momento sem uma visão de uma reversão desse movimento", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

Analistas temem que as medidas comerciais reacendam a inflação global e prejudiquem a atividade econômica de vários países, na esteira de uma esperada guerra comercial, o que levaria a uma recessão econômica mundial.

Conforme cresciam as preocupações com a concretização desse cenário, investidores globais se desfaziam de ativos mais arriscados e buscavam posições seguras, derrubando as ações globais e elevando o ouro, os títulos governamentais e pares fortes do dólar, como o iene e o euro.

Na cena doméstica, no entanto, os ativos brasileiros tinham melhor desempenho devido à perspectiva de maior diferencial de juros com os EUA, caso o Fed precise promover cortes mais profundos na taxa de juros para evitar uma recessão, e pela queda nas taxas de DIs, que acompanhavam a baixa nos rendimentos dos Treasuries.

O mercado também reagia a uma posição mais favorável do Brasil ante seus pares em relação às tarifas.

"Para o Brasil, é um cenário menos desfavorável do que muitos temiam. Por um lado, os produtos brasileiros perderão parte da competitividade em relação aos fabricados nos EUA, que não pagam a taxa, e alguns setores podem sofrer mais", disse Iana Ferrão, economista do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), em nota.

"Por outro, como as tarifas para outros países tiveram aumento maior, determinados segmentos do Brasil podem ganhar competitividade relativa", completou.

O Ibovespa recuava 0,01​%, a 131.181,63 pontos, mas chegou a superar os 132 mil pontos mais cedo. Já o dólar à vista caía 1,61%, a R$5,6046 na venda.

Na curva de juros, operadores passaram a precificar uma pequena possibilidade -- 14% -- de o Banco Central realizar um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, atualmente em 14,25% ao ano, em maio, contra 86% de chance de uma alta de 0,5 ponto.

Antes do anúncio, as apostas estavam divididas entre um aperto de 0,5 ou de 0,75 ponto.

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