Arena do Pavini - Maio confirmou as previsões de mês complicado para o mercado de ações brasileiro, com muitas frustrações na área política e na economia, mas o Índice Bovespa sobreviveu e fechou com ligeira alta, de 0,7%, primeiro ganho em nove anos e um dos melhores entre os mercados emergentes. Nada mau para um mês em que a guerra comercial entre EUA e China tomou contornos de conflito aberto com trocas de ameaças e retaliações indo além das tarifas e colocou mais fichas na aposta de que a economia mundial pode ir para a recessão.
No cenário local, a decepção com o governo de Jair Bolsonaro e sua inabilidade política só não causaram mais estrago porque o Congresso deu mostras de que vai tomar as rédeas e aprovar a reforma da Previdência, fundamental para o equilíbrio das contas públicas. A fraqueza da economia também voltou a preocupar diante da frustração dos números do primeiro trimestre e das indicações de abril e maio.
A boa surpresa é que muitas corretoras mostraram um bom desempenho em meio a toda essa turbulência e conseguiram ganhos acima do Ibovespa. Das 19 acompanhadas pelo Portal do Pavini, nove tiveram rendimento acima do 0,7% do Ibovespa, sendo que duas não informaram seu retorno em maio.
Para este mês, a expectativa é relativamente um pouco menos otimista, reflexo ainda dos estragos de maio na credibilidade do governo. A discussão da reforma da Previdência vai entrar na reta final, com a entrega do relatório na Comissão Especial e prováveis cortes e modificações na proposta. Será a fase de pressões de grupos de interesse sobre os parlamentares. Manifestações e protestos devem ser mais frequentes, assim como pressões de funcionários públicos. Ao mesmo tempo, o governo vai ter de melhorar a articulação para conseguir os votos necessários para sua aprovação. E cada inda e vinda do processo pode provocar fortes oscilações das ações.
Ibovespa revisado para baixo
Apesar do cenário de curto prazo desafiador, corretoras como a XP ainda acreditam que o país está no meio de uma transformação veem um claro caminho adiante para o avanço do Ibovespa. Com um cenário de estagnação econômica no começo de 2019 e postergação da retomada de atividade para 2020, a XP revisou as estimativas para as empresas da nossa cobertura, e agora projeta o Ibovespa a 115 mil pontos no final do ano, 125 mil pontos no meio de 2020 e 140 mil pontos no final de 2020.
Em seu relatório aos clientes, o private banking do Santander (SA:SANB11) recomenda aumentar a aplicação em ações neste mês, diante da expectativa de ganhos menores na renda fixa. A bolsa é a principal recomendação do banco.
Carteira mais otimista
É em meio a esse cenário desafiador que as 19 corretoras selecionaram seus papéis para junho, algumas com uma visão ainda conservadora, caso da Elite Investimentos, e outros com posições mais agressivas, apostando na queda dos juros, na aprovação da Previdência e na retomada da economia. Do total, 14 papéis aparecem com mais de 4 indicações, com forte concentração dos bancos entre as preferidas. Petrobras lidera isolada e Vale, depois de cair em desgraça por conta da tragédia de Brumadinho, volta a estar entre as preferidas. Empresas de consumo, como Pão de Açúcar, Localiza e Lojas Renner, mostram a confiança de que a economia vai reverter o fraco desempenho do primeiro trimestre. Há maior otimismo nas indicações, com menos busca de proteção, como mostra o pouco destaque dado a Suzano, a exportadora. Confira abaixo os papéis mais indicados em junho.
Ação | Indicações |
Petrobras PN (SA:PETR4) | 12 |
Bradesco (SA:BBDC4) PN | 8 |
Banco do Brasil (SA:BBAS3) ON | 7 |
Itaú Unibanco (SA:ITUB4) PN | 6 |
Pão de Açúcar (SA:PCAR4) PN | 6 |
Localiza (SA:RENT3) ON | 6 |
Vale ON (SA:VALE3) | 6 |
B3 (SA:B3SA3) | 5 |
BR Distrib. ON (SA:BRDT3) | 5 |
Cemig (SA:CMIG4) PN | 4 |
Fleury (SA:FLRY3) ON | 4 |
Gerdau (SA:GGBR4) PN | 4 |
Kroton (SA:KROT3) ON | 4 |
Lojas Renner (SA:LREN3) ON | 4 |
Rumo ON (SA:RAIL3) | 4 |
Suzano (SA:SUZB3) ON | 4 |
TIM (SA:TIMP3) Part. ON | 4 |
No caso da Elite Investimentos, a recomendação é continuar com uma carteira mais conservadora enquanto a volatilidade com o vai-e-vem da Reforma da Previdência continuar. Há ainda os desafios de aprovar recursos extras para fechar as contas deste ano e outras decisões importantes que dependem do Congresso ou do Judiciário.
Já a XP selecionou a carteira tendo como base a expectativa de que o juro básico Selic vai ficar baixo por mais tempo do que está precificado no mercado, o que deve levar a uma queda relevante da curva de juros pós-reforma da Previdência e ajudará as empresas de varejo. O crescimento deve se acelerar e ajudará a incentivar o crédito e os bancos – embora seja mais uma história para 2020 do que para 2019, observa a corretora. A XP também procurou incluir nomes de qualidade, como Lojas Rener, Localiza e Azul (SA:AZUL4) que protegem a carteira no cenário de atividade econômica lenta no curto prazo. E há também papéis de setores cíclicos globais descontados, como Vale e JBS (SA:JBSS3), mas de forma seletiva, dadas incertezas globais mais altas.
Por Arena do Pavini