Arena do Pavini - Março mostrou que a aprovação da reforma da Previdência não vai ser um passeio, como já alertavam vários gestores e analistas. A falta de tato político do presidente Jair Bolsonaro e sua tendência a falar sobre tudo e arrumar problemas desnecessários quase botaram a reforma para escanteio, o que só não aconteceu porque boa parte dos parlamentares compreende a necessidade de ajustar as contas da Previdência e do governo para evitar uma nova recessão.
E os mercados refletiram essas idas e vindas e o aprendizado de Bolsonaro na arte de governar. O Índice Bovespa chegou aos 100 mil pontos com o início da tramitação da reforma, mas perdeu fôlego e quase voltou para os 90 mil, fechando o mês praticamente estável, com queda de 0,18%.
Ninguém espera que o presidente mude seu temperamento agora, por isso a expectativa é de novas fases turbulentas em meio à negociação com os deputados para aprovar a reforma. Tudo isso temperado pelo cenário externo, com os desdobramentos da negociação entre EUA e China com relação à guerra comercial, a saída atabalhoada do Reino Unido da União Europeia e o desaquecimento da economia chinesa, que deve puxar o desaquecimento global.
Apesar dessa instabilidade de curto prazo, o cenário segue positivo para a renda variável, com a provável aprovação de alguma reforma da Previdência, mesmo que menos abrangente que a proposta, que economizaria R$ 1 trilhão em 10 anos. Fala-se em R$ 700 bilhões a R$ 600 bilhões de economia, o que já seria mais que os R$ 400 bilhões da proposta de Michel Temer.
Nesse caso, momentos de queda mais acentuada das ações seriam oportunidades de compra, avalia o Banco Votorantim.
Até lá, porém, as corretoras fazem suas indicações buscando ao mesmo tempo olhar esse cenário positivo de longo prazo sem sofrer demais no curto. Para a Socopa Corretora, a bolsa brasileira passa por uma reprecificação de múltiplos, com o Índice Bovespa podendo passar a negociar com múltiplo Preço em relação ao Lucro (P/L) mais próximo de 13,5 vezes, patamar observado em países onde a percepção de risco é semelhante ao caso brasileiro.
Private do BB recomenda ações
Diante da perspectiva favorável para a economia brasileira e do cenário externo benigno para os mercados emergentes, a equipe de estrategistas do private bank do Banco do Brasil manteve o posicionamento “Over” na classe de renda variável. A gestora de fortunas do BB tem recomendação neutra para renda fixa pré, em inflação, multimercados e investimentos no exterior e recomenda aumentar a faria em ações. “Assim, apesar de esperarmos que a volatilidade permaneça no curto prazo, nossa convicção continua favorável para Renda Variável, entendendo que a manutenção da liquidez mundial e a retomada do crescimento, mesmo que modesta, continuam a ser vetores para alavancar as empresas, o que poderá refletir positivamente nos preços das ações.”
Das 17 corretoras acompanhadas pelo Portal do Pavini, há quase uma unanimidade, a Petrobras, com 14 indicações. Há também uma preferência pelos bancos, com três papéis entre os 15 mais indicados, com pelo menos quatro indicações. Isso sem contar a bolsa B3 e o instituto de resseguros, IRB. Vale volta à lista das mais indicadas, depois do ganho de 10% no mês passado, ao lado de Usiminas, do lado das commodities. E Suzano aparece como proteção para se as coisas não andarem bem e o dólar subir, o que beneficiaria a exportadora de celulose.
Confira abaixo as principais indicações de abril.
As preferidas das corretoras | |
Abril | Indicações |
Petrobras PN (SA:PETR4) | 14 |
Banco do Brasil (SA:BBAS3) | 8 |
Itaú Unibanco (SA:ITUB4) | 6 |
Rumo ON (SA:RAIL3) | 6 |
Pão de Açúcar (SA:PCAR4) | 5 |
Localiza (SA:RENT3) | 5 |
Suzano (SA:SUZB3) | 5 |
B3 ON (SA:B3SA3) | 4 |
Bradesco (SA:BBDC4) | 4 |
Braskem (SA:BRKM5) | 4 |
Cosan (SA:CSAN3) | 4 |
Gerdau (SA:GGBR4) | 4 |
IRB Brasil ON (SA:IRBR3) | 4 |
Usiminas (SA:USIM5) | 4 |
Vale ON (SA:VALE3) | 4 |
O mês foi difícil para as corretoras, e muitas terminaram março com perdas nas recomendações, enquanto outras conseguiram superar a queda de 0,18% do Ibovespa.
Por Arena do Pavini