Investing.com – Após derrocada das ações da Azul (BVMF:AZUL4), com perdas de 24% no pregão ao fechamento do mercado ontem, os papéis recuperam 3% nesta sexta-feira, 30, cotados a R$5,69 às 11h33 (de Brasília). Após a divulgação de uma notícia pela Bloomberg que indicava possíveis medidas para lidar com sua dívida, incluindo solicitação de proteção contra credores nos EUA, conhecida como Chapter 11, a companhia divulgou comunicado para rebater que a publicação teria sido “mal-interpretada”.
O cenário para a Azul tem sido desafiador. Além do processo de recuperação das aéreas pós-covid-19, a Azul enfrenta outros eventos que afetaram seus resultados, como a desvalorização do real frente ao dólar, contribuindo para maiores custos e aumentando a sua dívida, além das enchentes no Rio Grande do Sul, que levaram à interrupção de voos e perda de receitas, além do atraso na entrega de aeronaves, comprometendo a capacidade operacional.
A Genial Investimentos segue com indicação neutra para as ações da Azul, com preço-alvo de R$17. Ao detalhar reunião da empresa com analistas após notícia da Bloomberg, Ygor Bastos disse que os executivos não miram em uma proteção contra credores sob o Chapter 11 nos EUA. “A notícia publicada pela Bloomberg, que sugeriu o contrário, foi considerada uma representação errônea da situação. Os executivos enfatizaram que a Azul está focada em fortalecer seu balanço e buscar soluções comerciais que evitem qualquer necessidade de reestruturação judicial. Entendemos a queda, mas esclarecemos que não achamos justificada”, aponta o analista. Assim, entre as possibilidades de fontes de liquidez estariam captação usando a Azul Cargo como garantia primária em no máximo US$800 milhões, o que poderia reforçar o balanço da empresa, assim como linhas de crédito apoiadas pelo Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC).
O Goldman Sachs (NYSE:GS) segue com recomendação de compra para as ações da Azul, com preço-alvo de R$12,20, mas enxerga melhores oportunidades em Copa e Volaris. Em relatório, o Goldman afirma que operacionalmente, reconhece que a companhia aérea conseguiu recuperar lucratividade, conforme nível das margens Ebitda. Ainda assim, pondera sobre a volatilidade significativa no petróleo e no câmbio.
No entanto, a dívida continua a ser uma preocupação, no entendimento do banco. “Reconhecemos as incertezas decorrentes do atual alto nível de dívida e o fato de praticamente toda a dívida ser denominada em dólares americanos (sendo, portanto, fortemente impactada pela recente desvalorização do real)”, destacam os analistas Bruno Amorim e João Frizo.
O banco estima que a Azul queime caixa de R$ 1,3 bilhão este ano, já incluindo arrendamento pagamentos de R$4,2 bilhões. Sobre a linha de crédito que vai permitir que a Azul, assim como outras aéreas, tenha acesso a linhas de crédito junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o GS entende que a medida “poderia permitir uma dívida mais barata para ser acessada pelas companhias aéreas brasileiras e poderia, até certo ponto, reduzir a queima de caixa de curto prazo e o custo dos empréstimos”.
O BTG (BVMF:BPAC11) segue neutro na ação em meio a incertezas e alta alavancagem, com preço-alvo de R$17, mas pondera que nem todas as notícias são más, diante do programa de ajuda financeira.
“Embora saudemos a recente valorização do real e esperemos um melhor desempenho do setor no segundo semestre, os problemas de alavancagem da Azul provavelmente continuarão pressionando as ações. Nós acreditamos que o mercado monitorará as atualizações sobre uma potencial nova reestruturação da dívida, especialmente para avaliar o tamanho da diluição potencial”, completam os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Marcelo Arazi.