Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A adoção da soja Intacta2 Xtend deve atingir uma área estimada entre 10% a 15% do total a ser plantado no Brasil em 2023/24, projetou um executivo da Bayer (ETR:BAYGN), empresa detentora da biotecnologia que busca ofertar sementes mais produtivas para defender sua liderança no mercado.
A companhia alemã prevê um crescimento maior da adoção dessa tecnologia transgênica, que oferece tolerância aos herbicidas dicamba e glifosato e também protege contra o ataque de lagartas, em momento em que a Intacta2 Xtend entra na terceira safra no Brasil na temporada 2023/24, cujo plantio está próximo de começar.
O ganho de produtividade oferecido é um dos grandes trunfos do produto, disse o diretor dos negócios de Soja e Algodão da Bayer, Fernando Prudente, à Reuters. Uma amostra de produtores que utilizam a Intacta2 Xtend apontou que, em sua segunda safra de utilização em 2022/23, triplicou o número daqueles que conseguiram produzir mais de 100 sacas por hectare, versus uma média nacional de aproximadamente 60 sacas/ha.
"De 150 agricultores (do Clube dos 100, organizado pela Bayer), a média ficou em 105 sacas por hectare... Com o campeão na Bahia colhendo 129 sacas. É algo que a gente vem confirmando o potencial produtivo... com isso, podemos crescer a produção para alimentar a população global na mesma área plantada", disse Prudente.
Na safra passada, a adoção da soja Intacta2 Xtend ficou em torno de 2 milhões de hectares, afirmou ele.
Questionado se plantio da variedade havia sido abaixo das projeções iniciais de 4 milhões de hectares em 2022/23, o executivo disse que o uso teve uma "evolução normal", ficando próximo da expectativa, de 5% a 10% da área. Mas reforçou que as perspectivas são de "crescimento exponencial, assim como fizemos com outras tecnologias".
O Brasil plantou ao todo 44 milhões de hectares de soja na safra 2022/23, segundo dados estatal Conab, e analistas privados têm apontado um crescimento na área total para 45-45,5 milhões de hectares em 2023/24.
Levando em conta as projeções mais otimistas (das consultorias e da Bayer), a Intacta2 Xtend estaria presente em 6,8 milhões de hectares a nova temporada.
A maior oferta de sementes multiplicadas com a tecnologia também é outro fator citado pelo executivo para o avanço da área. A empresa conta com 163 variedades adaptadas para atender quase todas as regiões do maior produtor e exportador global da oleaginosa, contra uma oferta de 59 na safra anterior.
A disponibilidade representa a maior quantidade de germoplasmas já no primeiro triênio de lançamento de um produto, destacou a Bayer, que aposta na Intacta2 Xtend para reforçar sua liderança isolada no segmento, já que nos últimos anos vem enfrentando maior concorrência, como da Corteva.
"Temos conseguido manter a fatia de mercado, e com esse resultado de produtividade esperamos continuar crescendo e ter a maior participação do mercado", afirmou Prudente, sem detalhar.
PRIORIDADE PARA BRASIL
"Os números mostram como o mercado brasileiro é um dos prioritários da Bayer no mundo", comentou o diretor, ressaltando que há lançamentos esperados para os próximos anos.
"A próxima década já está pronta, a terceira geração da Intacta já existe, já é plantada em testes, estamos na fase de aprovação, com previsão de lançamento na safra 2027/28", disse o executivo.
Essa nova tecnologia traria tolerância para mais dois herbicidas, versus dois no produto atual, mantendo a capacidade de controle de lagartas.
Já quarta geração da Intacta também deve ser lançada após 2030, trazendo mais proteínas contra a lagarta e mais para herbicidas, disse Prudente.
"Hoje a Bayer Brasil é o segundo maior mercado após os Estados Unidos (para a empresa), e o principal fator é o potencial de crescimento", disse.
Segundo ele, considerando a disponibilidade de áreas de pastagens degradadas, que podem ser convertidas em lavouras evitando desmatamentos, não há outro lugar no mundo com clima, solo e segurança jurídica para investimentos em biotecnologia com tal potencial para o desenvolvimento de negócios.
E que, por consequência, para ajudar a alimentar a população global, cuja demanda por alimentos é crescente, ao mesmo tempo em que há preocupações de que o desenvolvimento seja sustentável, disse o executivo.
(Por Roberto Samora)