Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - As ações do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) recuavam nesta sexta-feira, mesmo após divulgar resultado de quarto trimestre acima do esperado pelo mercado, anunciar previsões para 2024 consideradas "sólidas" por analistas e aprovar aumento no percentual de remuneração aos acionistas.
Perto do final da sessão, os papéis do banco controlado pela União tinham queda de 1,73%, a 57,53 reais, tendo chegado a 55,30 reais na mínima, enquanto o Ibovespa cedia 0,19%.
Mais cedo na semana, as ações haviam registrado máximas históricas, de 59,60 reais para o fechamento (dia 6) e de 59,80 reais no intradia (dia 7), em parte apoiadas nas expectativas positivas de agentes financeiros para os números do banco.
Nos últimos três meses de 2023, o BB teve lucro líquido ajustado de 9,44 bilhões de reais, alta de 4,8% frente ao mesmo período do ano anterior, e acima de previsões de analistas compiladas pela LSEG, que apontavam 9,12 bilhões de reais, em média. Em 2023, o lucro cresceu 11,4%, para 35,6 bilhões, recorde histórico para o banco.
Para 2024, a expectativa é de um resultado entre 37 bilhões a 40 bilhões de reais, quando o banco estima expansão de 8% a 12% na carteira de crédito, após crescimento de 10,5% em 2023.
O conselho de administração do BB ainda aprovou proposta para mudar a política de remuneração aos acionistas, elevando o payout de 40% para 45% no exercício de 2024.
Analistas do Itaú BBA afirmaram que o Banco do Brasil "continua sendo nossa principal escolha entre os grandes bancos, com crescimento em valor e execução sólida".
Segundo a equipe, o crescimento da carteira de crédito do BB no quarto trimestre foi sólido, mas a expansão na margem financeira (NII) foi impulsionada principalmente por impactos cambiais não recorrentes no Banco Patagonia e as receitas de serviços foram fracas.
Ainda assim, os analistas do Itaú BBA ressaltaram que as previsões do BB para 2024 foram boas e dentro das expectativas, indicando um elevado crescimento dos lucros e um ROE de aproximadamente 21%.
A presidente-executiva do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, adotou tom positivo ao comentar os números, ressaltando em entrevista a jornalistas que o BB "segue muito bem posicionado.
Após a teleconferência sobre os resultados para analistas, Rafael Frade e a equipe do Citi avaliaram que o BB demonstrou confiança em seu "guidance", que inclui melhor apetite ao risco, alguma normalização em linhas como provisões, bem como investimentos em projetos para melhorar a eficiência.
PROVISÕES
O forte crescimento nas provisões do BB para calotes em 2023 foi minimizado pelo vice-presidente de gestão financeira, Geovanne Tobias da Silva. O executivo afirmou que o aumento de 82,3%, para 30,5 bilhões de reais, ocorreu principalmente porque em 2022 o BB usufruiu de um excesso que fora contabilizado durante o período da pandemia.
"Fomos consumindo esse excesso de provisão e por isso que a base de 2022 está bem menor do que seria de uma provisão normalizada a ser esperada, dado o tamanho da nossa carteira", afirmou.
"Nós conseguimos entregar um reforço de provisão protegendo nosso balanço, principalmente para fazer frente a uma leve deterioração do cliente pessoa jurídica", acrescentou. "Nós tivemos algumas questões específicas no final do ano passado que sugeriram reforçarmos essas provisões", disse o executivo sem identificar os casos.
O executivo também ressaltou que, apesar do aumento nas provisões, "a inadimplência continua sob controle".
Para 2024, o BB estimou provisão para créditos de liquidação duvidosa (PCLD) ampliada entre 27 bilhões e 30 bilhões de reais.
CIELO
Medeiros também se mostrou otimista quanto à oferta pública de aquisição das ações da empresa de meios de pagamentos Cielo (BVMF:CIEL3) pelos controladores, afirmando que o BB decidiu pela OPA para ser "mais assertivo" na atuação nesse mercado.
"Acreditamos no êxito dessa operação", afirmou a presidente do BB.
O vice-presidente de gestão financeira acrescentou que a operação pode ter um impacto de 0,2 ponto percentual no índice de Basileia do banco, que ficou em 15,47% no final do ano passado. Na visão do executivo, o preço oferecido na OPA, de 5,35 reais por ação, "é um preço justo, sim, com base em laudo (de avaliação) de primeira linha".
Na última quarta-feira, o presidente-executivo do Bradesco (BVMF:BBDC4), Marcelo Noronha, estimou o closing da OPA em "uns 150 dias" e também apostou no sucesso da oferta. "É natural que os minoritários possam questionar (o preço)... Mas eu acho que a maior parte dos minoritários vai aceitar a nossa proposta."