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SÃO PAULO (Reuters) - A BEE4 anunciou nesta quarta-feira um programa com o objetivo de estimular a entrada de pequenas e médias empresas (PMEs) no mercado de capitais, tendo no radar o regime Fácil - Facilitação do Acesso a Capital e de Incentivos a Listagens, que entra em vigor no próximo ano.
"O foco do ’Rota Fácil’ é dar um impulso nessas companhias", afirmou Patricia Stille, sócia-cofundadora e presidente-executiva da BEE4, infraestrutura de mercado de capitais dedicada exclusivamente às PMEs, com licenças de central depositária e mercado de balcão organizado.
"Mostrar que essa possibilidade existe, que as PMEs podem agora acessar o mercado de capitais... fazer emissões tanto de dívida quanto de ações para atrair investidores de forma ampla."
O regime Fácil, criado por resoluções editadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no começo do mês passado, que entram em vigor em janeiro de 2026, oferece dispensas regulatórias proporcionais, buscando ampliar o acesso de companhias de menor porte ao mercado de capitais.
De acordo com Stille, o Rota Fácil da BEE4 quer dar um suporte e custear as despesas que existem nesse "setup inicial" para a companhia ficar apta para acessar o mercado. "E aí fica a critério da companhia... estruturar a oferta pública dentro do momento que for mais conveniente para ela", afirmou.
O programa irá selecionar dez empresas que preencham determinados critérios -- entre eles um faturamento anual entre R$10 milhões e R$500 milhões -- e prepará-las para a abertura de capital, bem como subsidiar custos de listagem e dar acesso subsidiado a serviços essenciais nesse processo.
Conforme explicou Rodrigo Fiszman, sócio-cofundador e presidente do conselho da BEE4, serão quatro fases, começando com as inscrições de 27 de agosto a 15 de outubro (etapa classificatória), passando pela avaliação técnica e pela banca técnica (eliminatórias) e encerrando com a banca de mercado.
Nesta última fase, de 10 de novembro a 2 de dezembro, as vencedoras serão escolhidas por meio de um "reality" transmitido pelo YouTube, com avaliação ao vivo conduzida por jurados que serão nomes influentes de mercado.
Fiszman reforçou que o programa tem o objetivo de fomentar o acesso ao regime Fácil, ser uma espécie de catalisador para essas empresas que eventualmente estão na dúvida.
Mas ressaltou que, a partir do momento em que o Fácil entrar em vigor, qualquer empresa que cumpra os requisitos regulatórios do novo regime e os manuais da BEE4 pode protocolar pedido de listagem e de realização de oferta pública no ambiente da companhia, independente do "Rota Fácil".
Os executivos citaram um universo elegível de 380 mil empresas para o Fácil, mas para o número de inscritos no programa da BEE4 a expectativa é "da ordem de centenas".
Fiszman também reforçou que o acesso ao Fácil não é apenas para o mercado de ações. "Se tornar uma empresa registrada na CVM, ter capital aberto, possibilita também acessar o mercado de dívida corporativa, que para as pequenas e médias empresas era algo praticamente proibitivo até o marco regulatório do Fácil."
Ele, inclusive, afirmou que, dado o cenário macroeconômico atual, a expectativa é que as empresas, no primeiro momento, acessem o mercado de dívida corporativa.
(Por Paula Arend Laier, edição Michael Susin)