Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social no financiamento às companhias aéreas pode ficar abaixo dos 60% do apoio de 6 bilhões de reais que está sendo preparado com bancos privados, disseram duas fontes do governo próximas do assunto.
A expectativa, segundo as fontes, é que os termos finais do empréstimo a ser colocado à disposição sejam acordados nesta semana, após três meses de discussões com as companhias aéreas Gol (SA:GOLL4), Azul (SA:AZUL4) e Latam.
A proposta para as companhias aéreas prevê disponibilização de 2 bilhões de reais para cada uma das empresas. Inicialmente, o BNDES entraria com 1,2 bilhão de reais de cada, totalizando 3,6 bilhões. Outros 10% viriam do pool de bancos privados e o restante seria captado via mercado de capitais por meio de emissão de debêntures e de bônus. Os recursos seriam repassados ao custo de CDI mais 4%.
"Esperamos fechar isso essa semana", disse uma das fontes à Reuters, vislumbrando acertos com Azul e Gol, enquanto com Latam as discussões seguem em ritmo mais lento.
"O mercado melhorou e a com ele melhorando aumenta mais a probabilidade do BNDES não precisar entrar com 60% da operação. Ele pode recuar e dar mais espaço ao mercado", acrescentou.
Entre os fatores para a eventual redução da participação do BNDES estão operações de levantamento de recursos feitas pelas próprias empresas, como a compra de créditos da Gol anunciada pela Smiles (SA:SMLS3) na segunda-feira, no valor de 1,2 bilhão de reais, e a venda da participação da Azul na área portuguesa TAP na semana passada.
O desembolso dos recursos deve ocorrer só em agosto, meses depois da promessa inicial do governo feita ainda no começo da pandemia no Brasil, em meados de março, disseram as fontes, citando entre os motivos questões regulatórias.