LA PAZ (Reuters) - A autoridade de aviação da Bolívia disse ter suspendido imediatamente a permissão de operação da companhia aérea Lamia, responsável pelo avião que caiu na noite de segunda-feira e deixou 71 mortos, entre eles jogadores da Chapecoense.
O desastre gerou comoção na comunidade do futebol mundial e deixou o Brasil em luto pela equipe que iria jogar a final da Copa Sul-Americana, na partida mais importante de sua história.
A Bolívia informou a suspensão imediata nesta quinta-feira do certificado de operações da Lamia e que irá substituir a equipe da autoridade de aviação do país para garantir transparência na investigação. A Direção Geral de Aeronáutica Civil nega qualquer ato irregular.
"Afastamos o pessoal para não contaminar a investigação", disse o ministro de Obras Públicas, Milton Claros, em uma conferência de imprensa em La Paz.
"Este evento que aconteceu é uma situação com uma empresa privada e vamos ver no decorrer da investigação se as regras foram violadas, se houve falhas no controle operacional (...) Neste momento não temos certeza quais foram as falhas específicas na aeronave", afirmou.
Investigadores colombianos disseram que o acidente pode ter ocorrido por falta de combustível no avião operado pela Lamia.
Em uma gravação das palavras finais do piloto boliviano Miguel Quiroga, obtida pela mídia colombiana, se pode ouvir ele dizer à torre de controle do aeroporto de Medellín que o avião estava em "falha total, falha elétrica total, sem combustível".
O piloto pediu permissão urgente para aterrissar pouco antes de o áudio ficar mudo. O avião BAe 146, produzido pela BAE Systems (LON:BAES) BAES.L, bateu em uma área montanhosa perto da cidade de La Unión, próxima a Medellín.
Autoridades colombianas e um investigador britânico estão programados para levar as caixas-pretas da aeronave britânica de volta ao Reino Unido, onde as informações serão analisadas, disse um porta-voz do órgão britânico de investigação de acidentes aéreos
Somente seis pessoas a bordo do voo da companhia Lamia sobreviveram, incluindo três jogadores da Chapecoense, um jornalista e dois tripulantes.
O diretor-executivo da Lamia, Gustavo Vargas, defendeu a companhia aérea nesta quarta-feira, dizendo que foi critério do piloto reabastecer em rota. Ele disse que a aeronave foi inspecionada corretamente antes da decolagem e que deveria ter combustível suficiente para quatro horas e meia.
"É uma decisão que o piloto toma", disse Vargas a repórteres em Santa Cruz, Bolívia. "Condições do tempo influenciam muito, mas ele tinha alternativas em Bogotá em caso de deficiência de combustível".
(Reportagem de Daniel Ramos) 2016-12-01T190311Z_1_LYNXMPECB032D_RTROPTP_1_COLOMBIA-CRASH.JPG