As bolsas na Europa têm queda generalizada nesta quinta-feira, 15, refletindo o temor do mercado com os impactos econômicos de uma segunda onda da covid-19 e um novo "lockdown" - até então tido como improvável. Crescem medidas de restrição mais duras para conter o vírus no Velho Continente, com toque de recolher em Paris, enquanto a região ultrapassou os Estados Unidos em novas infecções, batendo o recorde de 100.000 casos por dia. O mau humor dos investidores predomina em um dia chave para o Brexit, como é chamada a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), com a data limite imposta pelo primeiro ministro britânico, Boris Johnson, para um acordo com o bloco.
Depois de fecharem em baixa ontem, os mercados abriram no vermelho e acentuaram o ritmo de baixa, alinhados com os índices futuros de Wall Street em meio ao impasse fiscal nos Estados Unidos. Às 6h58 de Brasília, o índice pan-europeu Stoxx 600 amargava queda de 2,19%, aos 362,52 pontos.
O grave aumento de novos casos de covid-19 e, como reflexo, as medidas para conter a temida segunda onda, minaram a esperança dos investidores de que os ativos europeus poderiam ter desempenho melhor, trazendo-os para a realidade. Se antes um novo "lockdown" na Europa era praticamente descartado, agora, já preocupa - e muito.
Novas medidas de estímulo no bloco além da expectativa de um acordo fiscal nos Estados Unidos vinham mantendo o otimismo dos mercados na Europa, com a covid-19 em segundo plano. "Uma explosão de novas restrições ao movimento em toda a Europa para conter o recorde de 100.000 casos de coronavírus por dia vai prejudicar a economia e o otimismo dos investidores desmoronou", destaca o chefe de pesquisa do London Capital Group (LCG), Jasper Lawler.
A preocupação com a covid-19 toma conta dos mercados europeus em um dia crucial para o Brexit, que se arrasta desde 2016. O premiê do Reino Unido estabeleceu a data de 15 de outubro como o limite para que britânicos e europeus definissem um pacto comercial que vigoraria a partir de 2021. Este dia chegou e, embora a falta de acordo não seja a melhor saída, bancos e analistas na Europa consideram um prazo maior, agora até o início de novembro, para um desfecho - apesar de restarem pouco mais de dois meses para o fim do período de transição do divórcio do Reino Unido.
O deadline do Brexit coincide com a reunião de líderes da União Europeia em sua cúpula em Bruxelas, entre hoje e amanhã, e deve ser a questão-chave do primeiro dia do encontro. Apesar de ambos os lados não cederem nas negociações, garantem objetivo único de um acordo desde que não seja a "qualquer preço", como afirmou ontem a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em sua conta no Twitter.
A sinalização do Reino Unido de que seguiria na mesa de negociações para um acordo comercial com a União Europeia serviu de suporte à libra, que se recuperou ontem, mas hoje opera em queda frente ao dólar. A moeda está sob pressão de baixa, em compasso de espera por um acordo em torno do Brexit.
Também às 6h58 (no horário de Brasília), o índice Dax, de Frankfurt, liderava as quedas, com baixa de 2,84%, aos 12.657,60 pontos, em meio à piora da confiança na economia alemã. Em Paris, o índice CAC-40 tinha queda de 2,20%, aos 4.832,98 pontos, após a França decretar toque de recolher na capital francesa e em mais oito cidades para conter uma segunda onda de covid-19.
O índice FTSE-100, de Londres, operava em queda de 2,27%, aos 5.800,45 pontos, com o setor financeiro contribuindo para a queda. As ações do Lloyds Banking Group (LON:LLOY) tinha baixa de 2,94% enquanto os papéis do Barclays (LON:BARC) cediam 2,61%. Nas demais praças do Velho Continente, o FTSE-MIB, de Milão, recuava 2,42%, o Ibex-35, de Madri, tinha queda de 2,06% e o PSI-20, de Lisboa, de desvalorizava 1,63%.