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Bovespa fecha em leve queda após S&P retirar grau de investimento do Brasil

Publicado 10.09.2015, 18:09
Atualizado 10.09.2015, 18:18
© Reuters.  Bovespa fecha em leve queda após S&P retirar grau de investimento do Brasil
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou em leve queda nesta quinta-feira, após a Standard & Poor's retirar o selo de bom pagador do país, com compras em busca de barganhas e a alta de ações de empresas que se beneficiam do avanço do dólar amortecendo a pressão negativa.

O Ibovespa recuou 0,33 por cento, a 46.503 pontos, pressionado particularmente pelo declínio das ações da Petrobras (SA:PETR4) e de bancos. O giro financeiro totalizou 7,87 bilhões de reais.

A agência de classificação de risco S&P cortou na quarta-feira, após o fechamento dos mercados, o rating do país para "BB+" ante "BBB-" e sinalizou que pode colocar o país ainda mais para dentro do território especulativo.

A reação do Ibovespa se mostrou mais leve do que muitos agentes no mercado previam. A mínima do dia ocorreu no início do pregão, com queda de 2,3 por cento, e teve duração curta.

Agentes financeiros destacaram que o rebaixamento em si era esperado, particularmente após a proposta orçamentária para 2016 prever um rombo inédito. A surpresa foi o momento da decisão e a manutenção da perspectiva negativa.

Entre os suportes para a relativa resiliência do Ibovespa, o destaque ficou para a avaliação da Fitch Ratings de que ainda há elementos que apóiam o grau de investimento do Brasil.

Mas ainda expectativa de que mais alguma agência de rating tirar o grau de investimento do país, o que obrigaria vários fundos estrangeiros a desmontarem suas posições no Brasil.

No início da tarde, o Ibovespa chegou a subir 0,34 por cento, em meio a expectativas de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, trouxesse novidades sobre medidas para um ajuste fiscal mais rigoroso em coletiva à imprensa. Sem novidades, a fala de Levy frustrou o mercado.

Os estrategistas de mercados emergentes do UBS Geoff Dennis e Howard Park afirmaram que, normalmente, um rebaixamento do rating é visto como a última fração de más notícias e uma oportunidade compra, mas que esse não é o caso atual do Brasil.

"Com a economia brasileira contraindo acentuadamente, o consenso político para reformas desgastado, o ímpeto dos resultados corporativos enfraquecendo e o real ainda sob pressão, é provável que existam mais más notícias à frente", afirmam em relatório.

Próximo do fechamento, a S&P divulgou o corte dos ratings de várias empresas brasileiras, entre elas Petrobras, para "BB (SA:BBAS3)", com perspectiva negativa, enquanto Vale teve sua nota mantida. Agora, duas das três principais agências de risco classificam a nota de crédito da Petrobras com grau especulativo.

DESTAQUES

=PETROBRAS fechou com as preferenciais em queda de 5,01 por cento e os papéis ordinários com recuo de 3,82 por cento. A equipe da corretora Brasil Plural (SA:BPFF11) destacou que o impacto da perda do grau de investimento é ruim para todo o mercado acionário, mas pior para a Petrobras, uma vez que a empresa é conhecida por ter seu rating apoiado muito mais pela nota soberana do que por sua operação. Além de potencial maior dificuldade para acessar o mercado de dívida externa, a Brasil Plural diz que há risco de credores tentarem antecipar o pagamento de dívidas da companhia. A pressão na taxa de câmbio também eleva o custo de importação de petróleo e combustível.

=BRADESCO caiu 2,16 por cento e ITAÚ UNIBANCO perdeu 2 por cento, com o setor bancário entre os mais sensíveis a mudanças de ratings. BANCO DO BRASIL reduziu as perdas no final do pregão para apenas 1,75 por cento, enquanto SANTANDER BRASIL reverteu a queda da abertura e fechou em alta de 2,66 por cento.

=SMILES desabou 9,57 por cento, em meio a reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, segundo a qual o fundo de private equity Carlyle, controlador da CVC, está em contato com investidores para a venda de sua participação na agência de turismo e o principal interessado seria o programa de fidelidade Smiles (SA:SMLE3). De acordo com jornal, a Smiles nega a negociação. GOL, que controla o Smiles, caiu 5,09 por cento.

=VALE terminou com os papéis preferenciais de classe A em alta de 4,17 por cento, enquanto as ações ordinárias avançaram 4,62 por cento, com a decisão da S&P ofuscada pela alta dos preços do minério de ferro no mercado à vista da China para a máxima de 10 semanas e pelo fortalecimento do dólar frente ao real.

=JBS ganhou 3,30 por cento e EMBRAER (SA:EMBR3) avançou 2,19 por cento, ambas beneficiadas pela valorização do dólar, que no pior momento chegou a superar 3,90 reais. Mesmo com o alívio na alta após atuação Banco Central, o movimento no câmbio também contagiou os combalidos papéis de siderúrgicas, com USIMINAS (SA:USIM5) à frente, em alta de 12,77 por cento. No setor de papel e celulose, que também é ajudado pelo dólar elevado, o destaque foi Suzano (SA:SUZB5), com ganho de 2,28 por cento.

=COPEL avançou 4,85 por cento, uma vez que se trata de uma das beneficiadas pela decisão do plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) na quarta-feira, que revogou medida cautelar que impedia o Ministério de Minas e Energia de renovar, sem licitação, os contratos de concessão de 39 distribuidoras de energia elétrica que vencem entre 2015 e 2017.

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