Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A BP Bunge (NYSE:BG) Bioenergia projeta moer entre 28 milhões e 29 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2023/24, o que representaria um crescimento de até 16% na comparação com a temporada anterior, com a companhia obtendo resultados dos investimentos em ganhos de produtividade, em uma jornada para atingir em dois anos a capacidade plena de suas unidades.
Em entrevista à Reuters, o presidente-executivo e presidente do conselho da segunda maior processadora de cana do Brasil, Mario Lindenhayn, disse ainda que a expectativa é de que a companhia bata a capacidade total das suas 11 unidades, de 32,4 milhões de toneladas, na safra 2025/26.
"Estamos nos aproximando da capacidade máxima, fizemos movimento importante com investimentos nos últimos anos para garantir a disponibilidade da cana, e foco importantíssimo na introdução de tecnologias digitais e da agricultura regenerativa, que combinados trazem ganhos de produtividade importante", disse nesta quarta-feira, em uma videoconferência.
A empresa, que está na quarta temporada desde que os ativos de cana da Bunge e BP foram unidos na joint venture, já moeu cerca de 60% da sua safra 2023/24, e tem registrado colheitas por hectare acima da média do mercado.
"As condições climáticas têm sido muito boas, a resposta do investimento em canaviais tem sido positiva", resumiu Lindenhayn.
A companhia prevê investir 2,5 bilhões de reais na safra atual, enquanto nos últimos três anos os investimentos da BP Bunge Bioenergia somaram 6 bilhões de reais, com foco em plantio, tratos culturais e implementos agrícolas.
"Temos foco muito importante em encher as nossas unidades, este é o melhor investimento que podemos fazer, o investimento com maior retorno", disse o presidente-executivo, lembrando que os aportes também incluem ações na área de agricultura regenerativa, com o uso de bioinsumos nos canaviais.
Ele disse que cobertura de fertirrigação atinge hoje 86% da área da companhia, que quer chegar a 96% em 2025. Com investimentos em insumos biológicos, conseguiu reduzir em 40% o volume de fertilizantes fósseis.
"O resultado é que nesta safra, também suportado por condição climática melhor, conseguimos um ganho de produtividade agrícola de 15%, isso vai no coração do nosso objetivo de ganhar competitividade", comentou ele, destacando que, entre os maiores grupos, a BP Bunge Bioenergia está no primeiro lugar em termos de produtividade.
A empresa também melhorou a performance operacional das colhedoras, reduzindo em 40% no número de máquinas em relação a safras anteriores, o que significa menores gastos com diesel.
A empresa, que faturou um montante próximo de 8 bilhões de reais na safra passada, está destinando o máximo possível de cana para a produção de açúcar, que está mais rentável do que o etanol no momento.
O "mix" para o adoçante está em 42%, e o restante do volume segue para etanol, disse o presidente-executivo.
OPORTUNIDADES
Ele comentou que avalia oportunidades de expansão das unidades existentes, "com desgargalamentos". E também estão em fase de estudos projetos de biogás.
"Com o desgargalando, o objetivo é que consigamos aumentar a capacidade de moagem."
A companhia, que tem unidades em cinco Estados brasileiros, não informou projeções de produção de açúcar e etanol para a safra atual.
O executivo também evitou comentar sobre notícias que circularam no passado sobre fusões e aquisições envolvendo a BP Bunge Bioenergia. "A empresa tem compromisso firme com ganhos relevantes para esta safra, todas as questões relacionadas aos interesses dos acionistas precisam ser endereçadas aos acionistas..."
(Por Roberto Samora)