Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) -A companhia de alimentos BRF (BVMF:BRFS3) está buscando a reabilitação de mais duas de suas unidades pela China durante a missão do governo brasileiro que está no país asiático, para retomar embarques de frango e suínos suspensos dessas fábricas, conforme duas fontes ouvidas pela Reuters.
As duas unidades produtivas estão situadas em Lucas do Rio Verde (MT) e Rio Verde (GO), as maiores plantas da BRF.
"Questionamentos das autoridades sanitárias da China já foram respondidos e agora falta a decisão deles (chineses)", disse um interlocutor, que pediu para não ser identificado para falar sobre o tema.
O governo brasileiro tem a expectativa de que novas aprovações para frigoríficos do Brasil sejam confirmadas após a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país, que estará em missão à China na próxima semana.
A China é o principal destino das exportações brasileiras de carne de frango e de carne suína. Apenas em 2022, o país importou mais de 1 milhão de toneladas das duas proteínas, gerando divisas superiores a 2,5 bilhões de dólares para o Brasil.
A unidade produtiva de Lucas do Rio Verde processa aves e suínos, enquanto a de Rio Verde é para aves.
A unidade mato-grossense teve as vendas de carne suína suspensas pela China em agosto de 2021, e os embarques de aves ao país asiático foram suspensos em março do ano passado.
Já a planta de Rio Verde foi embargada pelos chineses em 2015.
Procurada, a BRF não quis comentar sobre as possíveis reabilitações.
Na véspera, a BRF teve a planta de Marau, no Rio Grande do Sul, autorizada pela Administração Geral de Alfândega da China (GACC) a retomar as vendas de carne de frango ao mercado chinês --as vendas dessa fábrica estavam suspensas desde 2021.
A BRF disse nesta sexta-feira em comunicado que a reabilitação da unidade gaúcha "proporciona flexibilidade e maior agilidade para capturar as melhores oportunidades de mercado".
A aprovação chinesa para Marau veio acompanhada de outra reabilitação e mais quatro novas habilitações para frigoríficos brasileiros de carne bovina, marcando as primeiras novas autorizações desde 2019.
Na quinta-feira, o Ministério da Agricultura disse em nota que "outras empresas estão com pequenas pendências junto à GACC, que devem ser resolvidas ainda durante a missão do Mapa na China", sem citar nominalmente as empresas que ainda podem ser beneficiadas.
A missão brasileira à China já conta com a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, diversos representantes do governo federal, membros de indústrias do setor agropecuário e entidades que representam os frigoríficos, e a partir da próxima semana deve contar com o presidente Lula.
(Reportagem de Nayara Figueiredo; edição de Roberto Samora)