Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A companhia de alimentos BRF (BVMF:BRFS3) registrou prejuízo líquido de 137 milhões de reais para o terceiro trimestre, conforme balanço divulgado nesta quarta-feira, em meio a um cenário adverso para o consumo no mercado interno e necessidades de melhora operacional.
O resultado foi mais favorável em relação ao prejuízo líquido de 271 milhões de reais reportado no mesmo período do ano passado, mas ficou abaixo das projeções de analistas que esperavam lucro de 64,8 milhões de reais para o período, segundo dados da Refinitiv.
No segundo trimestre deste ano, a empresa havia amargado um prejuízo ainda maior, de 468 milhões de reais.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado alcançou 1,374 bilhão de reais, leve alta de 0,5% no comparativo anual e praticamente em linha com as expectativas do mercado, de 1,42 bilhão de reais.
A receita líquida alcançou 14,05 bilhões de reais, avanço de 13,4% no ano a ano, com a contribuição de um ganho de 11,3% nos preços médios do portfólio dos produtos.
As operações da BRF no Brasil tiveram avanço de 6,6% na receita operacional líquida do trimestre, para 6,8 bilhões de reais. O lucro bruto, no entanto, caiu cerca de 30% para 1,09 bilhão de reais.
Na mesma linha, o Ebitda ajustado da companhia no Brasil perdeu 47,8% no comparativo anual, para 458 milhões de reais.
O companhia disse que o ambiente de consumo no mercado interno é desafiador, a renda média real da população segue em patamares mínimos históricos e a inflação de alimentos acumulada atingiu 11,71% em setembro.
Mesmo com a intensificação de ações governamentais de benefício à população, com o programa Auxílio Brasil, a BRF destacou que há indicações que os recursos disponibilizados têm sido direcionados para a amortização de dívidas em vez da ampliação do consumo.
"Se falou que, no passado, o auxílio tocou 28% das famílias e dessa vez tocou 9% das famílias", disse a jornalistas o CEO da BRF, Miguel Gularte, em videoconferência.
Apesar disso, ele afirmou que a companhia não vai "renunciar a volume e nem em market share".
"Vamos seguir trabalhando para seguir ganhando share... Do ponto de vista do mercado interno, é importante que melhore sua execução comercial", acrescentou o executivo.
Ele ressaltou que a empresa necessita e pretende melhorar em eficiência operacional, índices de conversão alimentar, gestão de mortalidade dos animais, rendimentos, produtividade e precificação.
"Reduziremos nossos custos com otimização de horas trabalhadas, sem descuidar do controle de custos fixos."
Também presente na videoconferência, o CFO da empresa, Fabio Mariano, ressaltou que as expectativas para as safras de soja e milho 2022/23 são positivas, o que tende a melhorar as despesas da empresa com insumos nos próximos meses, principalmente no início de 2023. Milho e farelo de soja são os principais ingrediente da ração animal.
LÁ FORA
A empresa teve aumento de 7,4% na receita líquida do trimestre com os mercados asiáticos, principalmente pela melhora dos preços em dólares da carne de frango para China (+37%), Japão (+24,2%) e Coreia do Sul (+22,4%), que compensaram menores volumes de carne suína e de frango para a China enviados pelo Brasil.
Gularte disse também que um de seus principais objetivos como CEO da BRF será a ampliação de habilitações para exportação, para diversificar os resultados entre mercado interno e externo.
Sobre a operação halal, a companhia destacou o crescimento do volume comercializado de 16,1% no ano a ano e 7,7% dos preços médios em dólares, compensando o aumento de custos.
Os resultados do terceiro trimestre da BRF ainda foram impactados pela correção monetária das informações financeiras de sua subsidiária na Turquia, cuja economia passou a ser considerada hiperinflacionária, disse a empresa.
(Reportagem de Nayara Figueiredo)