Por James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - Enquanto o governador da Flórida, Ron DeSantis, tenta redefinir sua frágil campanha presidencial, uma característica fundamental da candidatura do republicano permanece constante: sua disposição de antagonizar com corporações em questões culturais e políticas.
Na semana passada, DeSantis ordenou que autoridades da Flórida abrissem uma investigação sobre a empresa proprietária da cerveja Bud Light por preocupações de que ela violou seus deveres com os acionistas ao se envolver em um acordo de marketing com uma "influencer" transgênero que desencadeou um boicote de conservadores e uma queda nas vendas.
A medida sinalizou que DeSantis não está prestes a abandonar sua cruzada contra as chamadas corporações "woke", termo em inglês que significa "estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo", de acordo com o dicionário Oxford, mesmo sob o risco de afastar eleitores moderados que ele pode precisar para ganhar a indicação republicana ou a eleição geral do ano que vem.
DeSantis está atrás do concorrente republicano Donald Trump por mais de 20 pontos nacionalmente na corrida primária de 2024 do partido. A inclinação do governador para brigar com algumas das maiores empresas dos Estados Unidos tem abalado alguns doadores ricos e republicanos que temem um desvio do partido de sua abordagem tradicional de "não interferir" na economia.
Mas a atuação de DeSantis está de acordo com o que se tornou uma reorientação dramática da base no Partido Republicano nos últimos anos, que tem se afastado de elites ricas para eleitores da classe trabalhadora e rural que veem corporações multinacionais com desconfiança.
A batalha mais importante de DeSantis foi contra a Disney (NYSE:DIS) devido à resistência da empresa a uma lei da Flórida que restringe o ensino de conceitos de identidade de gênero e de sexualidade para crianças em idade escolar. Ele também perseguiu empresas financeiras, gigantes da tecnologia e a indústria farmacêutica por causa de uma série de questões.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada em abril, no auge da briga com a Disney, mostrou que 62% dos norte-americanos, incluindo 55% dos republicanos, eram menos propensos a apoiar um candidato que punia empresas por suas opiniões políticas.
Mas um lobista republicano em Washington, que representa várias empresas da Fortune 500, disse que a abordagem de DeSantis é boa para vencer as primárias republicanas.
DeSantis e sua campanha se opuseram à alegação do presidente-executivo da Disney, Bob Iger, e de outros críticos de que ele é anti-negócios, apontando como ele promoveu o crescimento econômico e a criação de empregos na Flórida.
Em um discurso na quarta-feira para um grupo conservador de políticas públicas, DeSantis disse que as corporações que seguem princípios ambientais, sociais e de governança corporativa "estão efetivamente cumprindo as ordens de muitas elites poderosas no governo e estão fazendo por meio da economia o que nunca poderiam conseguir nas urnas."