A busca por risco no exterior motiva uma nova alta do Ibovespa no primeiro dia de novembro, após subir 1,31% (116.037,08 pontos) na segunda-feira, 31, fechando o mês com valorização de 5,45%. Um dos motivadores é a China, onde há rumores de que o país estaria se preparando para relaxar restrições contra a covid-19 em março.
Porém, o investidor local adota certa cautela, dado que amanhã o mercado interno fechará por conta de feriado - e quando sairá a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) sobre juros -, enquanto monitora as negociações do governo de transição do presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principalmente em torno do pacote fiscal e do orçamento de 2023, além dos desdobramentos das interdições em rodovias. Além disso, o mercado segue no aguardo de um pronunciamento de Jair Bolsonaro (PL), após a derrota no domingo nas urnas.
Após subir 1,43%, na máxima aos 117.698,09 pontos, o Ibovespa caiu 0,42%, com mínima aos 115.547,46 pontos, em meio à piora em Nova York. Dados da economia dos Estados Unidos mostraram menor atividade industrial em outubro e um aumento inesperado nos investimentos em construção em setembro, elevando a expectativa para o Fed amanhã. Porém, os índices caem de forma leve em Nova York. Já o Ibovespa voltava a subir, só que de maneira discreta.
Segundo Edmar Oliveira, especialista em investimentos da One Investimentos, essa moderação reflete a espera do mercado por nomes que irão compor a equipe do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Fica de olho nos nomes cotados. Claro que ainda é muito cedo, mas isso pode ser o motivo desse mercado um pouco mais morno", avalia. "E ainda é véspera de feriado. Normalmente o volume fica um pouco menor. O mercado está estudando as alternativas nomes especulados para governo Lula", completa Oliveira.
"A incerteza acaba existindo até que Lula defina a equipe ministerial, quem assumirá cargos como os de estatais", afirma Gustavo Neves, especialista em renda variável da Blue3. Por ora, diz Neves, há a expectativa de um nome para a transição de governo mais hábil e que converse com outras classes de políticos. Um dos cogitados é Geraldo Alckmin, vice de Lula.
Por aqui, diz o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, há ruídos institucionais e discussão da agenda econômica do próximo governo, mas é "um dia de busca por risco.", cita em comentário.
Para José Alberto Baltieri, gestor do fundo ASA Small Mid Cap, da ASA Investments, o mercado segue atento a como será o quadro de ministérios do governo Lula, sobretudo quem será o ministro da Fazenda. Por ora, afirma, apenas um elemento saiu do radar, após a definição do presidente da República. "Enquanto não escolherem o ministro, fica a dúvida. Depois disso, o grande debate será quando a taxa Selic começará a cair, o que tende a dar um baita gás para a Bolsa", estima.
Apesar de ainda não ter confirmação oficial de alívio nas medidas restritivas na China, a ação instiga uma recuperação principalmente da ações do setor metálico na B3 (BVMF:B3SA3), especialmente de Vale (BVMF:VALE3), Usiminas (BVMF:USIM5) e Companhia Siderúrgica Nacional (BVMF:CSNA3) (CSN), que caíram na véspera.
Para completar, hoje, depois de vários dias em queda, o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, subiu 2,45%, mas ainda está aquém dos US$ 90 a tonelada (US$ 86,33), que era um ponto importante, uma mínima de longo prazo, segundo analistas.
Aliás, os papéis da CSN, bem como os da CSN Mineração (BVMF:CMIN3) ficam ainda mais no centro das atenções, após as empresas divulgarem balanço na noite de segunda-feira. Já a Vale informou que assinou acordos para desenvolver mega hubs no Oriente Médio. Vale subia 5,12% perto de 11h30. CSN ON tinha alta de 2,44% e CSN Mineração avançava 5,45%.
A valorização do petróleo em meio ao dólar mais fraco também estimula alguma recuperação dos papéis da Petrobras (BVMF:PETR4), que caíram entre 7,04% (ON) e 8,47% (ON), após a vitória de Lula. As ações avançam entre 0,84% (ON) e 1,44% (PN). Já Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), que caiu também na véspera, tinha alta de 0,65%.
Às 11h35, o Ibovespa subia 0,87%, aos 117.051,67 pontos.