BYD inicia fase de testes da fábrica em Camaçari

Publicado 01.07.2025, 09:40
© Reuters BYD inicia fase de testes da fábrica em Camaçari

A montadora chinesa BYD (SZ:002594) iniciou nesta 3ª feira (1º.jul.2025) a fase de testes de sua linha de produção em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, na Bahia. A empresa opera nas antigas instalações da Ford (NYSE:F), com capacidade inicial para 150 mil veículos por ano.

O Poder360 apurou que esta fase de testes funcionará como uma espécie de rollout –implementação gradual e controlada das operações antes do lançamento em escala comercial completa. A montadora trabalhará inicialmente com carros semidesmontados, processo conhecido como SKD (Semi Knocked Down). Os veículos chegam da China com carroceria armada e pintada em contêineres, acompanhados das peças para montagem. Os modelos fabricados inicialmente no complexo serão BYD Song Plus e BYD Dolphin Mini.

A capacidade de produção é de 12,5 mil unidades mensais. Em uma 2ª fase, prevista para o fim de 2026, poderá ser ampliada para 300 mil veículos anuais. De acordo com a montadora, o projeto gerará 5 mil empregos diretos. Dos R$ 5,5 bilhões de investimentos anunciados pela BYD no país, 1,4 bilhão já foi aplicado na fase inicial.

A BYD manterá 100% das peças importadas da China nesta 1ª fase, contrariando expectativas do setor automobilístico brasileiro. A empresa solicitou redução dos impostos de importação para os regimes SKD e CKD (Completely Knocked Down, produtos completamente desmontados).

Atualmente, veículos híbridos plug-in recolhem 20% no SKD e 7% no CKD. Os 100% elétricos pagam 18% e 5%, respectivamente. De acordo com a Folha de S. Paulo, o pedido de redução tributária causou desconforto nas associações do setor, que esperavam maior integração com fornecedores locais.

A estratégia contrasta com outras montadoras chinesas, como a GWM, que avança nas conversas com empresas brasileiras para nacionalizar componentes, incluindo baterias.

A BYD já tem cerca de 130 mil veículos circulando no Brasil. O modelo Dolphin Mini, que será produzido em Camaçari, lidera as vendas da marca e é o carro elétrico mais vendido do país nos primeiros meses de 2025.

Disputa pela antiga fábrica

A BYD garantiu a antiga fábrica da Ford em Camaçari após pagar 287,8 milhões de reais ao governo baiano. A montadora venceu a disputa contra a brasileira Lecar, que também manifestou interesse pelo complexo em fevereiro de 2024.

O terreno de 4,6 milhões de metros quadrados tinha capacidade para 400 mil veículos anuais quando operado pela Ford, que encerrou as atividades em janeiro de 2021.

As negociações entre BYD e Bahia duraram 2 anos. A empresa iniciou conversas em 2022, assinou protocolo de intenções em outubro de 2023 e lançou a pedra fundamental no mesmo mês.

A Lecar entrou na disputa quando seu fundador, Flávio Assis, descobriu que o edital público ainda estava aberto. A empresa prometia produzir um modelo popular por menos de R$ 100 mil em Camaçari, além do sedã Model 459 no Rio Grande do Sul.

O governo baiano ofereceu incentivos fiscais à BYD para viabilizar a operação. O estado concedeu redução de 95% no ICMS, isenção de IPVA para veículos até 300 mil reais e alíquota de 2,5% para os demais. A negociação foi intermediada pelo então governador Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil.

Processo por trabalho escravo

Em dezembro de 2024, uma força-tarefa resgatou 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão e interditou parcialmente as obras da fábrica de Camaçari. A operação envolveu o Ministério Público do Trabalho, Polícia Federal e outras organizações.

Os operários estavam em condições precárias, dormindo em camas sem colchões e com um banheiro para cada 31 pessoas.

A BYD rescindiu o contrato com a construtora terceirizada Jinjiang após receber notificação do Ministério Público do Trabalho sobre as irregularidades. A empresa declarou em nota não tolerar desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana. Dias depois, outros 57 funcionários da Tonghe (atual Tecmonta) foram encontrados em condições semelhantes.

Em 27.mai.2025, o Ministério Público do Trabalho da Bahia processou a BYD e as duas empreiteiras por submeter 220 trabalhadores chineses a condições análogas à escravidão. A ação pede condenação ao pagamento de 257 milhões de reais por danos morais coletivos, além de indenização individual equivalente a 21 vezes o salário contratual, acrescida de um salário por dia de trabalho em condições análogas à escravidão.

O órgão também solicita quitação das verbas rescisórias, cumprimento das normas brasileiras de proteção ao trabalho e multa de 50 mil reais por item descumprido, multiplicada pelo número de trabalhadores prejudicados.

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