A startup CargoX, especializada em conectar caminhoneiros com transportadoras, sempre foi vista como uma espécie de Uber (NYSE:UBER) (SA:U1BE34) dos fretes. Agora, com o recebimento de um aporte de US$ 200 milhões que a elevou ao status de mais um "unicórnio" brasileiro, a empresa quer ser vista mais como um Mercado Livre (NASDAQ:MELI) (SA:MELI34) do segmento.
Não por acaso, a companhia está mudando o seu nome para Frete.com e criando uma fintech focada em empréstimos para caminhoneiros chamada Frete Pago. A marca CargoX, por sua vez, continuará dando nome ao aplicativo de intermediação de fretes.
O aporte foi liderado pela empresa chinesa Tencent (OTC:TCEHY) e pelo fundo japonês SoftBank (OTC:SFTBY).
Além deles, a agora Frete.com também atraiu uma série de investidores relevantes que apostaram na empresa na própria pessoa física. Um deles é o ex-governador da Flórida Jeb Bush, filho de George Bush, ex-presidente dos EUA, e irmão mais novo de outro mandatário americano, George W. Bush. Reind Hoffman, fundador da rede social LinkedIn, também quis uma fatia da empresa. A companhia não divulga seu valor de mercado exato, mas Vega afirma que está acima do US$ 1 bilhão, cifra mínima para ser considerada um "unicórnio".
Motoristas
Segundo Federico Vega, fundador e presidente da Frete.com, a meta é trazer mais eficiência para um setor que vem sofrendo bastante com o aumento de custos, como os do diesel. Hoje, a empresa tem em sua base 615 mil caminhoneiros, cerca de 40% de toda a frota no País, e já intermediou R$ 100 bilhões em pagamentos entre transportadoras e motoristas.
Mas o executivo enxerga espaço para crescer. Ele quer digitalizar a vida de parte dos caminhoneiros, que ainda trabalham da forma mais antiga, perdendo trabalhos, combatendo também a diminuição da produtividade do modal. "Os caminhoneiros rodam vazios de 40% a 60% do tempo e isso é um custo enorme", diz Vega.
Sem grandes competidores nessa área de intermediação de fretes, a empresa se prepara para crescer em outros segmentos. O principal deles é o Frete Pago, que vai financiar tanto transportadoras que demoram a receber dos clientes quanto garantir o pagamento dos motoristas, caso as transportadoras atrasem os pagamentos.
Além disso, a nova fintech vai conceder empréstimos tanto para motoristas quanto a empresas - as condições de juros e pagamento serão melhores para aqueles usuários (tanto pessoas físicas quanto jurídicas) mais bem avaliados.
Contratações
A corrida atual da Frete.com é para contratar novos funcionários. Desde 2019, a empresa saltou de 140 para 1,3 mil empregados. E, até o fim de 2022, o número deve chegar a 3,5 mil.
Além do mercado brasileiro, contratações também começarão a ser feitas em outros países da América Latina. Isso porque Vega enxerga que está no momento para entrar em locais como Argentina e Paraguai. "Muitos caminhoneiros já fazem entregas nesses países e voltam sem nenhum tipo de carga", diz Vega.
Para Renato Mendes, sócio da consultoria F5 Business Growth, a internacionalização faz sentido, assim como a fintech. Mas, para ele, uma das vias que a empresa pode seguir é aumentar os serviços para atender caminhoneiros e empresas. Hoje, a companhia faz, além da concessão de crédito, emissão de documentação, seguro de carga e rastreamento de caminhões. A empresa já está estruturando esse negócio, chamado FreteBras.
"Enxergo um espaço para ser um local onde o caminhoneiro possa fazer tudo dentro da plataforma", diz Mendes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.