Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - O Carrefour (SA:CRFB3) Brasil espera manter o crescimento mais acelerado das vendas em mesmas lojas da rede Atacadão, com um cenário inflacionário mais favorável a partir de julho dando impulso à receita no segundo semestre, disseram nesta quinta-feira executivos da companhia.
"Vínhamos de um ambiente extremamente deflacionado, então esperamos que essa equalização nos ajudará e dará impulso em termos de receita e vendas mesmas lojas", disse o presidente do Atacadão, Roberto Müssnich, em teleconferência com analistas sobre o balanço do segundo trimestre.
Na véspera, o Carrefour Brasil anunciou uma alta de 47 por cento no lucro líquido do segundo trimestre, para 440 milhões de reais, apoiado principalmente em expansão das vendas do Atacadão e nos efeitos causados pela queda da dívida do grupo e dos juros da economia.
O Atacadão inaugurou 10 novas lojas no primeiro semestre e já iniciou obras para outras 10 a serem abertas até o fim de 2018, adicionando este ano um total de 120 mil metros quadrados à área de vendas e gerando mais de 5 mil novos postos de trabalho em todo o país, afirmou Müssnich.
O término do ciclo deflacionário também deve beneficiar as operações da divisão Carrefour Varejo nos próximos meses, assim como os esforços recentes para eficiência de custos, de acordo com o vice-presidente de finanças do grupo, Sébastien Durchon.
Ele ponderou, contudo, que os volumes e as margens do segmento só devem melhorar mais substancialmente no quarto trimestre, quando ajustes na sistemática de precificação de 23 dos 102 hipermercados do Carrefour no Brasil começarem a surtir efeitos positivos.
"Nesse movimento, no fim do dia eu baixo os preços, o que impacta negativamente o like-for-like (mesmas lojas) e baixa a margem... Fizemos isso para vender mais nas lojas e aos poucos veremos recuperação dos volumes, o que vai financiar o investimento feito no início", explicou Durchon.
Segundo ele, esse reposicionamento em termos de preço ainda está sendo viabilizado pela negociação com fornecedores e inclui mudanças no sortimento de mercadorias, bem como um foco maior em marcas próprias. "Enxergamos mais competição nos hipermercados que no atacarejo e justamente por isso fizemos esse movimento", acrescentou o vice-presidente de finanças.
Na terça-feira, o rival GPA (SA:PCAR4) divulgou lucro líquido de 526 milhões de reais entre abril e junho, com forte evolução na receita do atacarejo e aceleração de vendas em todas as marcas da divisão de multivarejo, que reúne os super e hipermercados do grupo.
Questionado sobre o comportamento do consumidor no país, Durchon disse não esperar grandes mudanças este ano. "Nessa altura, não se vê consumo muito maior que no ano passado e não enxergamos melhora muito forte nos próximos meses", disse.
Às 13:37, as ações do Carrefour Brasil, que não compõem o Ibovespa, subiam 2,2 por cento, a 15,42 reais. Em 2018, os papéis acumulam alta de quase 2 por cento, enquanto os do rival GPA sobem quase 6 por cento desde o começo do ano.