Por Tom Finn e Kathrin Jones
SÃO PAULO (Reuters) - Investidores do Catar que possuem a maior participação no Deutsche Bank não pretendem vender suas ações e poderiam considerar comprar mais se o banco alemão decidir levantar capital, afirmaram à Reuters fontes familiarizadas com a política de investimento do Catar.
Fundos controlados pelo do ex-primeiro-ministro do Catar xeique Hamad bin Jassim al-Thani compraram 6,1 por cento do Deutsche em meados de 2014 e aumentaram sua participação para pouco menos de 10 por cento, incluindo opções, em julho deste ano.
O maior banco da Alemanha, porém, foi tragado por uma crise de confiança desde o mês passado depois que o Departamento de Justiça dos EUA exigiu até 14 bilhões de dólares para encerrar as acusações de venda enganosa de títulos lastreados em hipotecas antes da crise financeira. A instituição está lutando contra a penalidade, mas pode ter que recorrer a investidores para mais dinheiro se a multa for aplicada na íntegra.
As ações do Deutsche recuaram para níveis intradia recordes de baixa, com a cotação inferior a 10 euros na sexta-feira da semana passada e, embora desde então tenham subido para pouco acima de 12 euros, ainda estão 13 por cento abaixo do pico do mês passado e 46 por cento abaixo do fechamento do final do ano passado.
Isso significa que o Catar pode ter perdido, no papel, mais de 1,2 bilhão de dólares com seus investimentos no banco.
No entanto, uma fonte do Catar, que é próxima ao escritório do Sheikh Hamad mas que não estava envolvido nas discussões internas do Catar sobre o Deutsche, disse que espera que o xeique Hamad permeça do lado do banco.
"Comprar mais ações --isso poderia ser considerado ... o que não quer dizer que existam quaisquer planos iminentes para fazer isso", disse a fonte, recusando-se a ser identificada uma vez que o assunto é confidencial.
Representantes do escritório do xeique Hamad não comentaram imediatamente, enquanto o Deutsche se recusou a comentar.
Uma segunda fonte disse que o Catar não tinha intenção de vender. "Este é um investimento a longo prazo. O Catar acredita que tudo vai funcionar bem para o banco no final."
Se um aumento de capital se tornar necessário, "eles provavelmente tomariam parte nele uma vez que querem manter a sua participação de cerca de 10 por cento. Mas eles querem ficar abaixo do limiar de 10 por cento" por razões regulamentares, acrescentou a fonte.
Qualquer investidor que possuir uma participação de mais de 10 por cento em uma empresa alemã listada está sujeito a regras mais rigorosas de divulgação pública.