Por Alessandro Diviggiano e Bernard Orr
PEQUIM (Reuters) - Autoridades mundiais de saúde tentavam determinar os fatos do surto de Covid-19 na China e como evitar uma maior disseminação enquanto o jornal oficial do Partido Comunista chinês destacava nesta quarta-feira que haverá uma "vitória final" sobre o vírus.
O fim das rigorosas restrições contra o vírus na China no mês passado lançou a Covid em uma população de 1,4 bilhão que tem pouca imunidade natural, tendo sido protegida do vírus desde que ele surgiu na cidade central de Wuhan, três anos atrás.
Muitas casas funerárias e hospitais dizem que estão sobrecarregados, e especialistas internacionais em saúde preveem pelo menos um milhão de mortes na China este ano, mas a China registrou cinco ou menos mortes por dia desde a mudança na política.
"Isso é totalmente ridículo", disse um morador de Pequim de 66 anos, que só deu seu sobrenome, Zhang, sobre o número oficial de mortos.
"Quatro dos meus parentes próximos morreram. Isso é apenas de uma família. Espero que o governo seja honesto com as pessoas e com o resto do mundo sobre o que realmente aconteceu aqui."
A China tem classificado o ceticismo estrangeiro em relação às suas estatísticas como tentativas politicamente motivadas de difamar suas conquistas no combate ao vírus.
"A China e o povo chinês certamente obterão a vitória final contra a epidemia", disse o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, em um editorial, refutando as críticas aos três anos de isolamento, lockdowns e testes da China que desencadearam protestos históricos no final do ano passado.
Depois de suspender as restrições, Pequim está reagindo a alguns países que exigem que os visitantes da China façam testes de Covid antes da partida, dizendo que as regras não são razoáveis e carecem de base científica.
O Japão se tornou o mais recente país a exigir um teste negativo antes do embarque, juntando-se a Estados Unidos, Austrália e outros. Autoridades de saúde da União Europeia vão se reunir nesta quarta-feira para discutir uma resposta coordenada sobre viagens da China.
Willie Walsh, chefe da maior associação de companhias aéreas do mundo, a IATA, também criticou o que descreveu como medidas instintivas que, segundo ele, se mostraram ineficazes na prevenção da propagação da Covid.
A China, que está praticamente isolada do mundo desde o início da pandemia, deixará de exigir que os viajantes que chegam ao país fiquem em quarentena a partir de 8 de janeiro. Mas ainda exigirá que os passageiros que chegam sejam testados antes de iniciarem suas jornadas.
Autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) se reuniram com cientistas chineses na terça-feira em meio à preocupação com a precisão dos dados da China sobre a disseminação e a evolução de seu surto.
A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu aos cientistas para apresentar dados detalhados sobre sequenciamento viral, hospitalizações, mortes e vacinações.
A OMS divulgará informações sobre a reunião mais tarde, provavelmente em um briefing na quarta-feira, disse seu porta-voz.