Por Aluísio Alves e Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - Os cinco maiores bancos brasileiros anunciaram nesta quinta-feira a criação de uma empresa de análise e gestão de crédito, que vai concorrer com Serasa Experian (L:EXPN) e Boa Vista Serviços.
Itaú Unibanco, Bradesco (SA:BBDC4), Santander Brasil (SA:SANB11), Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Caixa Econômica Federal terão cada um 20 por cento do capital da gestora de inteligência de crédito (GIC), cuja estrutura societária deve ficar pronta em um ano, mas funcionará integralmente somente em 2020.
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, disse que objetivo da iniciativa é a queda dos spreads, da inadimplência e do superendividamento de clientes.
Portugal disse que os bancos seguirão como clientes das empresas especializadas que estão no mercado, mas que havia a necessidade de uma entidade para coordenar apropriadamente os "sistemas complexos de tecnologia, grande volume de dados" e zelar pela privacidade dos dados dos clientes.
"Nenhuma empresa no mercado têm a experiência que os bancos têm", disse Portugal a jornalistas ao anunciar o projeto.
A medida vem após desempenho fraco do cadastro positivo, sistema em que tomadores com bom histórico de adimplência podem conseguir empréstimos mais baratos na rede bancária.
Aprovado pelo Congresso Nacional em 2012 e regulamentado pelo BC no ano seguinte, o sistema é operado pela Serasa Experian e pela Boa Vista Serviços. Pelos números da Febraban, cerca de 4 milhões de pessoas aderiram ao sistema até agora, num mercado com mais de 100 milhões de correntistas.
A Serasa, que tinha os bancos brasileiros como sócios, foi vendida para a britânica Experian em 2007. Um acordo de não competição com a Serasa venceu em 2012.
Agora os bancos contrataram a norte-americana LexisNexis, especializada em soluções de análise e gerenciamento de riscos, como parceira técnica, e não sócia, na criação da GIC, que será submetida à aprovação do Cade, de defesa da competição e do Banco Central.
"Os bancos preferiram concentrar toda a governança do negócio", disse Portugal.
O anúncio confirma informação publicada pela Reuters na véspera, em que fontes com conhecimento do assunto afirmaram que o objetivo da GIC é destravar o chamado cadastro positivo, em que o sistema financeiro concede taxas de juros menores a clientes com bom histórico de adimplência.
Segundo as fontes, os bancos preferiram ter uma central própria, na qual podem compartilhar informações entre si, do que usar dados com terceiros.