A Companhia Francesa de Seguro de Crédito ( Coface (EPA:COFA)) prevê para 2023 um crescimento de apenas 0,9% para a América Latina, desaceleração em relação a expansão de 3,1% para a região neste ano. As previsões foram feitas pela economista-chefe da Coface para a América Latina, Patrícia Krause.
A desaceleração na América Latina será capitaneada pela economia brasileira. Segundo Patrícia, o PIB brasileiro cederá de 2,6% em 2022 para uma quase estabilidade de 0,2% no ano que vem, conforme a Coface já havia previsto no fim de outubro.
Para Argentina e Chile, a expectativa é de recessão, com quedas de 0,5% e 1% no PIB, respectivamente, no ano que vem. A desaceleração do PIB na América Latina, de acordo com a economista, corre em linha com desempenho da economia mundial, que deve ser impactada pela recessão na Europa.
De acordo com a Coface, a inflação permanece perto ou no pico na maioria dos mercados da Região. O aperto monetário nos países latino-americanos está chegando ao fim, mas seus efeitos serão sentidos em 2023.
"O que pesa na região são fatores comuns ao cenário externo. Ainda que seja esperada uma desaceleração, a inflação ainda vai estar elevada e continuará acima das metas nos países que adotam esse sistema. A taxa de juros seguirá alta e há uma expectativa de acomodação dos preços das commodities", disse a economista.
Patrícia ressaltou, por outro lado, que as taxas de juros elevadas na região fazem soar o alerta sobre o nível de endividamento de empresas, famílias e do governo.
"A América Latina até está com um nível de endividamento abaixo dos demais mercados emergentes. O que preocupa principalmente é o endividamento público aqui, que está acima da média dos emergentes em muitos países da região, incluindo o Brasil. Com certeza com a expectativa de desaceleração do crescimento no ano que vem, com os preços das commodities menos favoráveis, é um ponto de atenção como será a condução da política fiscal", disse.