Cofundador da Ben & Jerry’s deixa empresa após briga com Unilever sobre Gaza

Publicado 17.09.2025, 18:32
Atualizado 17.09.2025, 18:35
© Reuters.

Por Shivani Tanna e Gursimran Mehar

(Reuters) - O cofundador da Ben & Jerry’s, Jerry Greenfield, parte da dupla cujos nomes moldaram a popular marca de sorvetes dos EUA ao longo do último meio século, deixou seu cargo de "embaixador da marca" depois de uma briga pública com a empresa controladora Unilever sobre o conflito em Gaza.

Em uma carta aberta compartilhada por seu parceiro de negócios, Ben Cohen, nas mídias sociais, Greenfield disse que a empresa sediada em Vermont -- conhecida por seu ativismo social em questões progressistas -- foi "silenciada" nos últimos anos pela Unilever, que atualmente está desmembrando sua unidade de sorvetes Magnum, que inclui a marca Ben & Jerry’s.

"É com o coração partido que decidi que não posso mais, em sã consciência, e depois de 47 anos, permanecer como funcionário da Ben & Jerry’s", escreveu Greenfield, de 74 anos, que havia assumido uma função assalariada de embaixador da marca na empresa.

"Defender valores como justiça, equidade e humanidade compartilhada nunca foi tão importante, mas a Ben & Jerry’s foi silenciada e deixada de lado por medo de incomodar os que estão no poder."

Nos últimos meses, a Ben & Jerry’s tem sido uma voz solitária entre as marcas conhecidas que se manifestam sobre questões como Gaza e a postura do presidente Donald Trump em relação à imigração, enquanto outras empresas dos EUA se afastam das promessas de diversidade e seus executivos se abstêm de comentar as políticas da Casa Branca.

No mês passado, a Microsoft demitiu quatro funcionários por protestarem contra os laços da empresa com Israel, incluindo dois que ocuparam brevemente o escritório do presidente da empresa.

O conselho independente de missão social da Ben & Jerry’s, do qual Greenfield e Cohen não fazem parte, liderou o ativismo. A venda da Ben & Jerry’s para a Unilever em 2000 permitiu que a marca mantivesse o conselho, com autoridade sobre a missão social, mas não sobre as operações comerciais.

Um porta-voz da Unilever e de sua Magnum Ice Cream Co disse que "discorda da perspectiva de Greenfield e procurou envolver os dois cofundadores em uma conversa construtiva sobre como fortalecer a poderosa posição baseada em valores da Ben & Jerry’s no mundo".

As ações da Unilever permaneceram inalteradas nesta quarta-feira.

GAZA

A Ben & Jerry’s há muito tempo combina a venda de sorvete com ativismo, lançando um sorvete de canela e chocolate "Justice Remixed" em 2019 para aumentar a conscientização sobre a justiça racial e, em 2009, rebatizando o Chubby Hubby de "Hubby Hubby" para apoiar o casamento gay.

Mas o relacionamento entre a Unilever e a Ben & Jerry’s vem se desgastando desde 2021, quando a fabricante de sorvetes decidiu interromper as vendas na Cisjordânia ocupada por Israel, medida que levou alguns investidores a se desfazerem da empresa controladora com sede em Londres. Na época, Greenfield e Cohen escreveram no New York Times que apoiavam a decisão.

Por fim, a Unilever vendeu o negócio em Israel para um licenciado local, o que levou a marca a abrir uma ação na Justiça, questão posteriormente resolvida.

A marca processou a Unilever uma segunda vez devido a supostos esforços para amordaçá-la e desmantelar o conselho da missão social. Ela também descreveu o conflito de Gaza como "genocídio", rara postura  para uma empresa norte-americana.

A saída de Greenfield ocorre enquanto os fundadores da Ben & Jerry’s vêm defendendo a cisão da marca, antes da oferta pública planejada da Magnum Ice Cream em novembro.

Na semana passada, Cohen realizou um protesto em Londres quando a nova Magnum Ice Cream Company apresentou seus planos de expansão, exigindo que a Unilever "libertasse a Ben & Jerry’s" para proteger seus valores sociais. A demanda foi rejeitada pelo novo CEO da Magnum, Peter ter Kulve.

Notavelmente, Cohen não anunciou sua saída. Greenfield disse que continuará sua luta social fora da empresa, já que não poderia fazê-lo de dentro dela.

"Sempre se tratou de mais do que apenas sorvete -- era uma forma de espalhar amor e convidar outras pessoas para a luta por um mundo melhor", disse ele.

(Reportagem de Shivani Tanna e Gursimran Kaur em Bengaluru)

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