Por Shadia Nasralla
LONDRES (Reuters) - O recente colapso nos preços do petróleo para mínimas de 21 anos fez com que potenciais compradores de campos de produção passassem a tentar renegociar acordos que já haviam sido fechados a valores mais altos --e com isso, surgem os primeiros exemplos de vendedores sofrendo na queda de braço.
Em um momento em que a maior parte das petroleiras cortam gastos, dividendos e funcionários para economizar, vendedores estão enfrentando a difícil escolha entre reduzir o tamanho dos negócios ou correr os riscos de perdê-los completamente.
O presidente-executivo da Premier Oil, por exemplo, afirmou que está buscando um preço mais baixo para ativos no Mar do Norte que havia concordado em comprar da BP por 625 milhões de dólares, enquanto a Energean está fazendo o mesmo com um negócio de 700 milhões de dólares junto à Edison.
"A indústria do petróleo está revisitando suas ofertas de 'antes do coronavírus', e prevemos anúncios de outras empresas, à medida que elas reprecificam ou refazem acordos anunciados anteriormente", disse o analista de óleo e gás do Royal Bank of Canada, Al Stanton.
Neste mês, a Total decidiu recuar da compra de ativos da Occidental Petroleum (NYSE:OXY) em Gana, parte de um acordo mais amplo da empresa francesa com a norte-americana Occidental.
Entre os negócios que estão sendo discutidos, o grupo de private equity Blackstone, com seu ativo de Siccar Point no Mar do Norte, já discordava em relação ao valor com outra companhia de private equity, a Chryasor, antes mesmo do colapso dos preços do petróleo, segundo fontes.
Por outro lado, a empresa de capital fechado Hilcorp Energy e a companhia de private equity HitecVision conseguiram renegociar com sucesso acordos com as gigantes BP e Total, respectivamente, durante o "crash" da commodity.
"Os vendedores, especialmente as gigantes, com certeza têm sido bastante construtivos", disse um banqueiro ligado à indústria.
(Reportagem adicional Nerijus Adomaitis, em Oslo, e Ron Bousso, em Londres)