Investing.com - Desde o início da manhã a notícia de que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) aprovou o pagamento de dividendos extraordinários chamou a atenção. E não só pelo curto prazo, com a data de corte sendo hoje, e o yield elevado (superior a 7%), mas também pelo momento passado pela companhia.
As ações da CSN (SA:CSNA3) operam com alta de 2,33% a R$ 9,22.
A Mirae Asset vê a notícia sob dois pontos de vistas. O primeiro é positivo aos acionistas, pois estão recebendo um dividendo extra, o que deve levar a uma alta das ações. Por outro lado, os analistas destacam que os dividendos podem levar a uma pressão no preço da ação, uma vez que a empresa se encontra extremamente endividada, tendo que vender ativos e alongar a sua dívida.
Essa situação, de acordo com relatório assinado por Fernando Bresciani e Pedro Galdi, leva a visão de que essa distribuição possa a ser negativa, indicando que a honding estaria precisando do dividendo.
Por isso, a Mirae mantém a recomendação como Neutra e o upside é de 8%. No setor os analistas preferem a USIM5 e a GGBR4. A CSNA3 negocia a um múltiplo EV/Ebitda 2018 de 6,8x e para 20219 de 6,9xm, sendo no setor a que tem o múltiplo mais elevado.
Na visão da XP Investimentos, os dividendos de R$ 890 milhões são negativos. Para a corretora, com endividamento ainda elevado e foco da estratégia voltado para venda de ativos e queda na alavancagem, o pagamento de dividendo neste momento chama a atenção e deve ser lido negativamente pelos mercados.
A equipe do BTP Pactual se mostrou perplexa com a divulgação dos proventos. Os analistas acreditam que era preferível que a companhia usasse o montante total de R$890 milhões para reduzir a dívida.
O banco suspeita que a estratégia é utilizar esse dividendo extraordinário para o controlador pagar a dívida da holding. Na visão de Pedro Albuquerque, o timing dos dividendos é “bizarro” e sugere clara falta de governança na empresa.
O que diz a CSN?
Segundo o comunicado o pagamento deste dividendo está inserido no esforço da empresa em alongar seu passivo financeiro, através de conclusão de negociação a negociação dos principais termos do reperfilamento de sua dívida de curto prazo com o Banco Bradesco (SA:BBDC4).
A companhia reiterou seu compromisso com a rápida redução de sua alavancagem, a fim de alcançar as metas de curto e médio prazos recentemente comunicados ao mercado, por meio do seu programa de desinvestimento em curso, e da constante melhoria operacional.
Endividamento
Ao divulgar o resultado segundo trimestre de 2018, a CSN informou que fechou o período com caixa de R$ 4,35 bilhões, o que representa 41,9% acima dos três primeiros meses do ano. Mas, em relação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 4,1%. Apesar disso, desde dezembro de 2016 o dinheiro em caixa da companhia não subia de um trimestre para o outro.
Apesar dos números, dívida líquida da companhia ainda é de R$ 27,13 bilhões, segundo a contabilização de junho, subindo 2,3% ante o primeiro trimestre, montante que é um recorde histórico para a CSN.
Ponto importante para a alavancagem financeira, que caiu no período devido à melhora operacional. O nível de 5,34 vezes, apesar de alto, é o menor desde março de 2015.
O que tem pesado contra a CSN é o câmbio. Mais da metade das obrigações da siderúrgica (55%) são para pagamento em moeda estrangeira. O real mais fraco é mais um fator que pesa negativamente na estratégia da redução da dívida.