RIO DE JANEIRO (Reuters) - O consumo de gasolina vendida nos postos do Brasil deverá ficar praticamente estável em 2024 ante o patamar recorde previsto para este ano, enquanto o de seu concorrente etanol hidratado deverá crescer diante de uma retomada de competitividade já em curso, projetou nesta quarta-feira a consultoria StoneX.
A demanda pela gasolina C (misturada com etanol anidro) deverá somar 46,3 bilhões de litros em 2024, versus 46,2 bilhões de litros previstos para 2023, apontou relatório da StoneX.
"Em 2024, o cenário para a gasolina deverá ser mais parecido com o verificado na segunda metade de 2023, em que o aumento no consumo de etanol hidratado limita o crescimento da demanda por gasolina, mesmo sob uma demanda de Ciclo Otto aquecida", afirmou o relatório assinado pelos analistas da StoneX Filipi Cardoso, Marcelo Di Bonifacio Filho e Rafael Borges.
Pesará sobre a gasolina um aumento na cobrança da alíquota fixa de ICMS, que deverá passar de 1,22 real/litro para 1,3721 real/litro a partir de fevereiro de 2024, uma elevação de cerca de 0,15 real/litro, pontuou a StoneX.
"Por encarecer a gasolina, a medida tende a diminuir a paridade entre os combustíveis nos postos, fator que estimula a substituição do fóssil pelo biocombustível", disseram os analistas no relatório.
Eles pontuaram que a tendência de diminuição de paridade deverá se intensificar sobretudo durante o pico de safra da temporada sucroenergética 2024/25 (abr-mar) do centro-sul, que deverá trazer aumento na oferta de hidratado no mercado nacional.
Nesse cenário, o consumo do etanol hidratado nos postos do Brasil deverá crescer 8,1% para 17,4 bilhões de litros em 2024, ante os 16,1 bilhões de litros previstos para este ano, motivado sobretudo pela demanda do centro-sul brasileiro com destaque para o Estado de São Paulo, segundo a StoneX.
"No próximo ano, além da normalização do contexto tributário, a expectativa é de que a safra 2024/25 do centro-sul registre um recorde de moagem de cana-de-açúcar, o que deve ampliar os estoques do biocombustível levando a preços competitivos em relação à gasolina -- principalmente durante o pico da colheita, entre junho e setembro", disseram os analistas.
"Para a temporada sucroenergética 2024/25 (abr-mar), a visão da StoneX é de um crescimento de 9,9% na produção de etanol total."
A StoneX pontuou prever que a demanda por combustíveis do Ciclo Otto mantenha-se elevada, porém em ritmo menor de crescimento, atingindo 58,5 bilhões de litros no próximo ano, alta de 1,8% na comparação com o previsto para 2023, com aumento de 7% ante 2022.
Segundo os analistas, o consumo destes combustíveis segue estimulado por uma maior propensão à mobilidade, tendência que tem sido registrada no pós-pandemia, mas deve encontrar um equilíbrio no médio prazo.
Com relação à expectativa para o crescimento econômico, a visão do mercado para 2024 ainda é de uma alta sutil para o PIB brasileiro em 2024, com o consenso de mercado em 1,5% para o ano, disse a StoneX.
(Por Marta Nogueira)