Por Geoffrey Smith
Investing.com – O Credit Suisse (SIX:CSGN) continuou ajudando cidadãos americanos ultrarricos a sonegar impostos nos EUA por vários anos, apesar de ter prometido encerrar a prática como parte de um acordo judicial firmado em 2014, segundo o Comitê de Finanças do Senado, em um relatório publicado na quarta-feira, 29.
"Com base nas conclusões do comitê, o valor total ocultado em violação ao acordo judicial do Credit Suisse de 2014 é de mais de US$ 700 milhões", afirmou o Senado em um comunicado que acompanha os resultados de uma investigação de dois anos. Mais de US$ 100 milhões pertenciam a uma única família latino-americana, cujos membros usaram seu status de dupla cidadania para ocultar bens, acrescentou.
As revelações aumentam o risco de outras penalidades financeiras contra o banco suíço, que precisou ser resgatado por meio de uma aquisição organizada às pressas pelo rival UBS (SIX:UBSG) há duas semanas, após uma série de onerosos processos de governança abalarem a viabilidade das suas operações. Um desses desastres foi uma multa de US $ 2,6 bilhões aplicada pelas autoridades dos EUA, depois que a instituição se declarou culpada, em 2014, por ter ajudado cidadãos do país a sonegar impostos.
"O Credit Suisse obteve um desconto na multa que recebeu em 2014 por ter permitido a evasão fiscal, uma vez que os executivos do banco prometeram não mais agir em prejuízo das contas fiscais dos Estados Unidos", afirmou o presidente do comitê, Ron Wyden, no comunicado. "Esta investigação mostra que o Credit Suisse não cumpriu sua promessa, e a venda do banco não significa que a questão tenha sido resolvida."
Dessa forma, as revelações expõem o UBS a um novo risco legal, 14 anos depois de ter sido forçado a reformular sua unidade de gestão de patrimônio nos EUA por preocupações semelhantes. O UBS pagou US$ 780 milhões em 2009 para encerrar as acusações de que sua unidade de gestão de fortunas - que atende a pessoas com alto patrimônio líquido - também ajudou cidadãos americanos a sonegar impostos.
“Além de uma penalidade significativa para o banco, os executivos envolvidos nesses esquemas também devem ser objeto de investigação criminal”, disse Wyden. "Não faz sentido permitir que os banqueiros responsáveis por essas contas ocultas e que fizeram vista grossa para a evasão fiscal saiam impunes."
O comunicado do Comitê afirmou que Alexander Siegenthaler teve um papel importante na gestão das contas da família latino-americana, acrescentando que o executivo supervisionou vários banqueiros do Credit Suisse que enfrentaram acusações criminais nos Estados Unidos. Siegenthaler se reportava diretamente ao diretor de private banking para todas as Américas, que por sua vez se reportava diretamente ao diretor global de private banking.
O Credit Suisse não respondeu a um pedido de comentário.