SÃO PAULO (Reuters) - A CSN (SA:CSNA3) espera que seu resultado no segundo semestre seja melhor que o desempenho apresentado na primeira metade do ano, quando viu o lucro operacional atingir um cerca de 14 bilhões de reais, afirmaram executivos da empresa que além de aço atua em mineração e produção de cimento.
A companhia, porém, não pretende mudar a política de remuneração de acionistas apesar do caixa de 22,5 bilhões de reais ao final de junho e das notícias sobre a reforma tributária, que tem entre as pautas a taxação de dividendos. Atualmente, a empresa mantém como política o pagamento do mínimo obrigatório de 25% do lucro.
"A reforma pode ser, sim, gatilho de decisões (sobre remuneração de acionistas) até o final do ano", disse o diretor de relações com investidores, Marcelo Cunha Ribeiro, em teleconferência com analistas sobre o resultado da CSN no segundo trimestre.
"Mas é prematuro afirmar em aumento de dividendo quando podem surgir oportunidades interessantes (eventuais aquisições) e temos como prioridade o atingimento de grau de investimento. Vamos priorizar isso antes de aumentar dividendo", acrescentou.
Ribeiro afirmou que a CSN está avaliando as melhores oportunidades de alocação de capital e não descartou durante a teleconferência que a companhia busque expandir sua presença internacional, mas não deu detalhes.
Segundo ele, aquisições podem ocorrer mesmo sem um eventual IPO da unidade de cimentos, que segue nos planos, mas desde que atendam ao requisito de não elevar a alavancagem da companhia para acima de 1 vez dívida líquida sobre Ebitda. No final de junho, a relação foi de 0,6 vez ante 5,17 vezes um ano antes.
No final do segundo trimestre, a companhia fez sua primeira grande aquisição depois de vários anos em que ficou enfrentando um elevado grau de alavancagem. A empresa comprou a Elizabeth Cimentos, ingressando no mercado do Nordeste.
O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, afirmou durante a teleconferência que a empresa segue disciplinada em suas escolhas de investimentos e que vai trabalhar em redução de custos depois de passar a primeira metade do ano empenhada em elevar preços de seus produtos para acompanhar a disparada nos preços de matérias-primas como minério de ferro e carvão. Steinbruch comentou ainda que espera que a empresa atinja o grau de investimento até o final do ano.
Mercado pujante
O diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, afirmou durante a teleconferência que a companhia tem carteira de entregas de 900 mil toneladas de aço para o terceiro trimestre, o que já garantiu a produção completa para o período, e comentou que o preço médio da liga vendida pelo grupo deve subir entre 13% e 17% sobre o segundo trimestre.
Segundo ele, esse aumento se trata de efeito de reajustes passados que se farão sentir no trimestre de julho a setembro. A expectativa do executivo é que a margem Ebitda de siderurgia fique entre 500 e 530 dólares a tonelada após 400 dólares no primeiro trimestre.
Na avaliação de Martinez, o bom momento do mercado siderúrgico deve continuar até o final do ano, com redução de oferta de importações e demanda forte. "Acreditamos muito que a margem de 500 a 530 dólares por tonelada de aço seja sustentável também para o quarto trimestre", disse o executivo.
(Por Alberto Alerigi Jr.)