SÃO PAULO (Reuters) - O presidente-executivo do grupo CSN (SA:CSNA3), Benjamin Steinbruch, disse nesta terça-feira que a empresa espera atingir lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) próximo de 5 bilhões de reais este ano, crescimento de cerca de 25 por cento sobre o resultado obtido em 2016.
"O quarto trimestre vai ser melhor que o terceiro... Esperamos receita de 18 bilhões de reais em 2017, Ebitda próximo de 5 bilhões e relação de dívida sobre Ebitda próxima de 5 vezes", disse Steinbruch em teleconferência com analistas após a empresa divulgar resultados trimestrais na véspera.
A CSN divulgou na véspera que teve Ebitda ajustado de 1,2 bilhão de reais no terceiro trimestre, queda de 2 por cento sobre o mesmo período do ano passado. No ano até setembro, a CSN teve Ebitda de 3,44 bilhões de reais.
Segundo Steinbruch, a CSN mantém meta de atingir alavancagem de 3,5 vezes até o fim de 2018 e prevê melhora nos preços no próximo ano para retomar processo de venda de ativos. Ele evitou dar detalhes sobre o assunto, embora o diretor financeiro da companhia, Marcelo Ribeiro, tenha mencionado que a redução da alavancagem para o nível de 3,5 vezes possa levar 12 a 18 meses.
"Bastante deles (ativos) já tiveram propostas concretas, mas achamos que temos que esperar o momento certo (para uma venda)", afirmou Steinbruch, acrescentando que as ações preferenciais da Usiminas (SA:USIM5) detidas pela CSN também podem ser vendidas "num momento oportuno".
O plano da CSN para reduzir a alavancagem, que em 2015 era de 8,2 vezes e caiu para 6,3 vezes em 2016, inclui renegociação sobre os vencimentos com a bancos e acesso a mercado de capitais no início do próximo ano. A empresa já havia negociado em 2015 alongamentos com Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Caixa.
A CSN tem a vencer em 2018 dívidas de 5,6 bilhões de reais. Em 2019, serão mais 7,3 bilhões e em 2020 outros 7,9 bilhões. Steinbruch afirmou que os vencimentos bancários de 2018 estão concentrados em dois bancos que já "são parceiros de longa data" da CSN e que vinham esperando resultados auditados da companhia para acertar o reperfilamento da dívida.
"Estamos trabalhando há mais de nove meses em alongamento da dívida. São dois bancos parceiros que entendem a companhia, são parceiros antigos e tenho certeza que vão nos permitir até novembro termos esse alongamento feito", disse Steinbruch. Ele acrescentou que após o alongamento a empresa deverá negociar com detentores de bônus no primeiro semestre, mas não deu detalhes.
INVESTIMENTOS
Paralelamente à discussão de alongamento da dívida, a empresa também divulgou que está promovendo projetos para aumentar suas capacidades de produção de minério de ferro e aço.
Na frente de minério de ferro, principal fonte de lucro, a CSN resolveu problemas com autoridades para obtenção de licenças ambientais para obras em barragens de rejeitos da mina de Casa de Pedra, em Minas Gerais.
Steinbruch afirmou que o desastre ambiental causado pelo rompimento de barragem da Samarco, que destruiu o rio Doce em novembro de 2015 e deixou 19 mortos, dificultou as discussões para obtenção das licenças para obras de ampliação da operação de Casa de Pedra, mas que a questão está resolvida.
A empresa informou investimentos de 368 milhões de reais na região de Casa de Pedra, dos quais 165 milhões serão destinados para construção de unidades de filtragem de rejeitos de minério de ferro, o que ampliará a vida útil das barragens da CSN.
Em aço, a CSN deve parar em setembro de 2018 um alto forno para reforma que ampliará a capacidade do equipamento em 15 por cento, ou 400 mil toneladas adicionais de placas por ano. A reforma vai levar de 50 a 60 dias e demandar investimentos de 205 milhões de reais, disse Steinbruch. Enquanto o equipamento estiver parado, a CSN usará placas de seu estoque, evitando comprar de terceiros por conta de custos.
(Por Alberto Alerigi Jr.)